segunda-feira, junho 23, 2008

Na prática, professores se viram para incluir

Da Reportagem

Profissionais da área educacional também dizem que existe todo um discurso governamental em torno da educação inclusiva, mas na prática são os professores que têm que tomar a iniciativa ou mesmo tirar dinheiro do próprio bolso para buscar a qualificação necessária para atender os alunos especiais.

A Escola Estadual Professora Alvira de Amorim e Silva, localizada no CPA II, conta somente no período da manhã com oito alunos com deficiência visual, auditiva ou mental (DM). No entanto, só para exemplificar, os professores não têm conhecimento sobre o sistema braile. “Não é fácil, teríamos que fazer um curso ou ter alguém para auxiliar”, diz o professor e coordenador da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Jefferson Bento de Moura.

Há um mês, a unidade recebeu uma máquina de escrever em braile, mas nenhum funcionário sabe manuseá-la. Aliás, o manual é todo em inglês. Moura afirma que tem interesse de aprender o sistema e pretende fazer isso com a Associação dos Cegos, entidade cuja ajuda tem permitido a continuidade dos alunos com deficiência visual.

A gerente de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Nagila Zambonatto, afirma que o Estado tem desenvolvido diversas ações que possibilitam a formação continuada dos profissionais em educação inclusiva, para que possam oferecer aos estudantes as condições necessárias para integrar as classes regulares de ensino. “Muitas ações estão feitas. O apoio que (as escolas) precisam, estão tendo”.

Entre os exemplos citados por Nagila estão os Centros de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CAP) e de Capacitação de Profissionais da Educação e de Apoio as Pessoas com Surdez (CAS), além dos grupos de estudos que reúnem os docentes que trabalham com deficientes e cursos realizados em parceria com o Ministério da Educação (MEC). Além da oferta de cursos sem custos para o profissional, ela diz que o Estado arca, inclusive, com passagem e hotel para quem vem do interior.

Conforme Nagila, no Estado são cinco mil professores capacitados e cinco mil alunos atendidos na rede pública. Para atendê-los, existem 200 salas de recursos. “A dificuldade é equipar essas salas com mais tecnologia”, reconhece. “Falta de atendimento não é”, acrescenta.

Neste sentido, ela lembra ainda a convenção de Salamanca, na Espanha, da qual o Brasil é signatário. O documento conclama todos os governos a priorizarem o aprimoramento dos sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais. (JD)

Diário de Cuiabá

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