terça-feira, dezembro 02, 2008

Inclusão está distante

Educação especial Menos de 2% das escolas de Ribeirão têm atendimento especializado para alunos com deficiência auditiva

LIGIA SOTRATTI
Especial para a Gazeta

Menos de 2% das escolas de Ribeirão Preto têm preparo para atender alunos com surdez ou deficiência auditiva. Das cerca de 369 escolas da cidade, somente seis possuem programas voltados para estes alunos —quatro municipais e duas estaduais. Na rede privada, nenhuma escola tem um atendimento especializado, de acordo com João Alberto de Andrade Velloso, diretor regional do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp).

Segundo Luciana Andrade Rodrigues, coordenadora pedagógica do Centro de Apoio aos Surdos (CAS), que trabalha em parceria com a Prefeitura, o atendimento não é feito em toda rede porque ainda é baixo o número de professores capacitados no mercado. “Temos o CAS e algumas faculdades que oferecem o curso. Então, para garantir atendimento de qualidade, centralizamos em quatro escolas-pólo, em que temos professores que compreendem a linguagem de sinais”, explica.

O trabalho teve início em 2007, e cerca de 60 alunos são atendidos, de acordo com Adair Pessini, secretária-adjunta de Educação. “São três trabalhos pedagógicos. Primeiro professor capacitado ensina Libras. Depois esse profissional passa o conteúdo da aula através da linguagem de sinais e, por fim, ele ensina a Língua Portuguesa escrita para esse aluno com deficiência.”

Para Velloso, as escolas particulares ainda não têm essa preocupação porque a demanda é pequena. “Tudo nasce da necessidade. Quando tiver procura, sem dúvida, as escolas vão se adaptar”, acredita.

Para Tânia Aparecida Teixeira de Souza, mãe de uma aluna do 2º ano do Ensino Médio da escola estadual Dom Luiz Amaral Mousinho, a presença do intérprete motivou a filha. “Em outras escolas ela chorava, não queria ir”, conta. Para ajudar a jovem, a irmã Verusca, cinco anos mais velha, aprendeu Libras e chegou até a acompanhá-la nas aulas. “Como não havia nenhum auxílio, ela ia para ajudar.”

Unaerp atende 30 crianças com dificuldades

Alunos da rede municipal com problemas graves na aprendizagem vão ser atendidos pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), por meio de um convênio firmado com a Prefeitura. Na primeira etapa do projeto, que teve início há três meses, cerca de 30 alunos foram atendidos na Clínica de Psicologia da universidade, para descobrir as causas da dificuldade de cada estudante. A pré-seleção foi feita por diretores de 26 escolas municipais.

Segundo Luzia Del Vechio, docente da Unaerp que supervisionou o projeto, em 90% dos casos as dificuldades de aprendizagem são conseqüência de outro problemas na vida da criança. “Normalmente é algum problema na estrutura familiar, que afeta muito o desenvolvimento da criança”, explica. O objetivo é prevenir que os problemas se agravem. “Queremos evitar que essas dificuldades se transformem em transtornos mais severos quando chegar a adolescência.”

A dona de casa Elisângela Lima, mãe de um dos 30 alunos, diz que o convênio foi muito importante. “Eu já tinha tentado pelo posto de saúde, mas estava muito difícil. O tratamento continua no ano que vem e tenho esperança que ele melhore.” Segundo ela, o menino, que está na 4ª série, não consegue ler. (LS)

Gazeta de Ribeirão

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