domingo, maio 31, 2009

Novas práticas melhoram a vida de alunos hiperativos

CURITIBA (ABN NEWS) - Cinco crianças que participam da pesquisa sobre transtornos comportamentais e cognitivos, desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, em parceria com a Secretaria Municipal da Educação, receberam nesta sexta-feira (29) bolsas de apoio à educação. A entrega do benefício, na sede do Instituto, no Centro, serviu também para divulgar dados preliminares dos dois primeiros anos de estudos sobre transtornos de déficit de atenção e hiperatividade infantil (TDAH). A pesquisa envolve 600 estudantes da rede de ensino de Curitiba.

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Os primeiros resultados demonstram a importância do diagnóstico correto dos transtornos comportamentais e da elaboração de testes laboratoriais, que estão sendo desenvolvidos, e que ajudarão a completar o diagnóstico. A pesquisa revela que muitas crianças que não têm, necessariamente, um transtorno comportamental, podem ter sua qualidade de vida melhorada com soluções simples, como o uso correto de óculos. Nos casos indicados, a medicação melhora o desempenho escolar e o relacionamento das crianças com os grupos.

Com a parceria feita entre o Instituto e a Prefeitura, 315 estudantes foram atendidos. "Está parceria está sendo fundamental para termos uma avaliação completa e podermos a partir daí ampliar as possibilidades de atendimento feito nos Centros Municipais de Atendimento Especializado (CMAEs)", disse a secretária municipal da Educação, Eleonora Bonato Fruet. Eleonora falou sobre a importância da pesquisa na busca de novas práticas e na disseminação de novos conhecimentos, não só para Curitiba, mas para as demais cidades brasileiras.

A pesquisa abrange aspectos genéticos e metabólicos das crianças e baseia-se na metodologia trazida da Universidade da Califórnia (Los Angeles) pela neurocientista Mara Lúcia Cordeiro, que coordena os estudos em Curitiba. O neurologista Antonio Carlos de Farias pertence a equipe de pesquisadores.

Do grupo de estudantes selecionados, 300 apresentaram o diagnóstico de TDH. Além de exames laboratoriais, as crianças passam por avaliações pedagógicas, psicológicas, neurológicas, oftalmológicas e auditivas. As cinco crianças selecionadas para exemplificar os resultados já alcançados passaram por quase dois anos de atendimentos. Uma delas foi Inglity Barbosa, de 11 anos, que passou a conviver com diagnóstico de déficit de atenção/hiperatividade desde os três anos.

O comportamento agitado levou a menina a ter que, inclusive, tomar remédios que lhe causavam vários efeitos colaterais. Até que a escola a encaminhou para a pesquisa. Durante os estudos percebeu-se que ao invés de hiperativa, a menina tem altas habilidades cognitivas. Os remédios foram suspensos, a auto-estima da garota melhorou e a família começou a entender melhor como conviver com tanta inquietação, fruto de uma mente muito ágil.

Anne Christine de Lima e João Vitor Staback passaram pelo mesmo protocolo e com a confirmação do diagnóstico de transtorno do déficit de atenção/hiperatividade, receberam intervenção medicamentosa. Com isso os problemas escolares e de relacionamento melhoraram significativamente.

O Transtorno de Déficit de Atenção é um distúrbio neurobiológico que faz com que os alunos enfrentem dificuldades de aprendizagem, problemas de comportamento na escola e de relacionamento com colegas e professores. Os sintomas aparecem como a falta de controle sobre a atenção, a atividade motora e a impulsividade, o que traz consequências em diversos aspectos da vida da pessoa.

O objetivo da pesquisa, explicou Mara Lúcia Cordeiro é estabelecer protocolos com critérios para diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais em crianças e adolescentes, identificando fatores biológicos que possam contribuir para o desenvolvimento dessas doenças. "A pesquisa também objetiva desenvolver testes laboratoriais para complementar o diagnóstico, que hoje é somente clínico"

Êxito - A presidente da Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro, Ety Gonçalves Forte, falou sobre a importância do trabalho desenvolvido. "É um excelente trabalho feito por um grupo de profissionais que estão muito atentos para a melhoria da saúde e das relações destas crianças’, disse Ety. Para ela, a parceria entre a Prefeitura de Curitiba e o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe tem sido fundamental para o êxito dos estudos. "É um trabalho conjunto feito a favor dos dois principais direitos da criança, o da vida e da educação", disse.

Além da parceria com o Instituto Pelé, a Prefeitura tem outras ações voltadas ao atendimento de crianças com diagnóstico de TDH. Quando indicado, estudantes municipais com TDH recebem atendimento especializado nos Centros Municipais de Atendimento Especializados. São nove unidades, uma em cada administração regional, para oferecer suporte às atividades pedagógicas das escolas. Nos CMAEs as crianças passam por atendimentos de pedagogia especializada, psicologia, reeducação visual, auditiva, desempenho das necessidades evidenciadas.

O dinheiro doado as crianças e que servirá para ajudar na educação foi arrecadado através do Projeto Gols pela Vida, que transformou os gols de Pelé em medalhas de bronze, prata e ouro. Um casal curitibano comprou algumas dessas medalhas e as devolveu ao Instituto, para que fossem leiloadas. O leilão aconteceu no dia 26 de março, durante o jantar realizado com Pelé no Castelo do Batel.

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