segunda-feira, maio 22, 2006

Diagnosticar o que os estudantes já sabem e o que precisam aprender


Nesta seção, serão apresentadas sugestões para que a escola possa reunir informações para conhecer quais são as capacidades de acessar e processar informações escritas que os estudantes demonstram ter construído até então, para poder avaliar quais são suas condições para prosseguir aprendendo ao longo de sua escolaridade nas diferentes áreas do conhecimento e ajustar o ensino às necessidades de aprendizagem.

Para realizar uma avaliação diagnóstica com esta finalidade, sugerimos que a equipe escolar elabore previamente alguns indicadores que possam apontar, de fato, as aprendizagens consolidadas, para que os resultados obtidos na sondagem permitam que a escola reoriente, se necessário, seus objetivos e práticas de ensino considerando o conhecimento prévio dos estudantes.

Atualmente, dispomos de muitos dados de avaliações institucionais como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB, o Sistema de Avaliação do rendimento Escolar do Estado de São Paulo – SARESP, Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM e Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA que podem fornecer subsídios para se conhecer melhor como lêem os estudantes brasileiros da educação básica. Há ainda o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional – INAF cuja finalidade é oferecer informações sobre as habilidades e práticas de leitura, escrita e matemática dos brasileiros entre 15 e 64 anos de idade. Discutir coletivamente os relatórios de algumas dessas avaliações contribui para que a equipe escolar aprofunde sua compreensão dos aspectos envolvidos em avaliações desse tipo e reúna elementos para elaborar um instrumento próprio de avaliação diagnóstica que permita responder à questão: Como lêem e escrevem os estudantes que freqüentam nossa escola?

Quanto maior for o número de informações que a equipe escolar conseguir reunir em seu esforço para responder a esta questão, maiores serão as chances de realizar um trabalho significativo, orientando o planejamento de modo a permitir que todos possam de fato fazer uso da linguagem escrita como leitores e como escritores.

Para que a escola tenha uma representação mais realista do nível de letramento de seus estudantes, sugerimos que, inicialmente, tente identificar:

1. Quais são os estudantes que revelam não dominar o sistema de escrita, isto é, não são capazes de compreender a organização do nosso sistema alfabético para ler ou para redigir textos de próprio punho?
2. Quais são os estudantes que revelam pouca fluência para ler e que escrevem com pouco domínio das convenções da escrita?
3. Quais são os estudantes que lêem com alguma fluência e que redigem já com algum domínio das convenções da escrita?
4. Quais são os estudantes que lêem fl uentemente e que redigem textos que excedem as expectativas para os diferentes anos do ciclo?

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO DA PRIMEIRA FASE DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

Selecione textos (pequenas notícias, trechos de unidades dos livros didáticos adotados, contos, fábulas etc.) para que os estudantes leiam em voz alta para algum professor da equipe. Antes de proceder à leitura, permita que os estudantes examinem o texto, leiam-no silenciosamente se desejarem: conhecendo o texto, fica mais fácil lê-lo com maior segurança. Se possível, grave as leituras que fizerem. Este procedimento permitirá que a equipe possa verificar se todos estão aplicando os mesmos critérios na avaliação dos resultados. Em seguida, proponha que respondam, por escrito, a uma questão aberta relacionada ao conteúdo temático do texto.

É importante que a atividade seja realizada individualmente para que não haja interferências que possam comprometer a confiança nos resultados. Além disso, nunca é demais lembrar o preconceito de que é vítima a população analfabeta. Realizar a sondagem individualmente é também uma forma de garantir que não se crie nenhum tipo de constrangimento para as crianças, jovens e adultos que por ventura ainda não dominem o sistema de escrita. Para agilizar o trabalho, os professores da turma podem se organizar de modo a cada um se encarregar de avaliar um grupo de estudantes da classe. À medida que as sondagens vão sendo realizadas, os dados podem ser registrados em uma planilha como a sugerida na tabela.

Concluída esta fase, é importante seguir investigando a respeito do que sabem cada um dos grupos identificados. Em relação aos estudantes que não estão alfabetizados, é importante que a escola procure organizar-se para que possam compreender o funcionamento do sistema de escrita. Um passo importante é interpretar sua escrita para saber quais são suas hipóteses. Caso os professores da turma não se sintam aptos a realizar essa análise, aconselha-se buscar apoio com o Coordenador Pedagógico, colegas que atuam no Ciclo I e com o professor responsável pela Sala de Apoio Pedagógico – SAP.

Para os que já decifram, mas apresentam pouca fluência, ao mesmo tempo em que é necessário inseri-los nas atividades de sala de aula que envolvam práticas de leitura e de escrita, por meio da mediação de um leitor mais experiente ou do professor, é preciso também planejar situações didáticas que possam estimulá-los a conquistar maior autonomia.

Engajá-los em um projeto em que se gravam fitas cassete com a leitura de histórias para que crianças dos anos iniciais possam escutar, enquanto folheiam o livro pode ser interessante. Organizar atividades permanentes em que leiam poemas previamente ensaiados ou apresentem jornais falados de notícias relacionadas aos conteúdos que estiverem estudando nas diferentes áreas são outras possibilidades.

Extraído do
Programa Ler e Escrever
Secretaria Municipal de São Paulo

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