segunda-feira, agosto 24, 2020

Vídeos ensinam técnicas de terapia comportamental para pais de crianças com autismo

Objetivo é ensinar técnicas de estimulação de habilidades sociocomunicativas em pessoas com o transtorno do espectro autista

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pesquisadores do ambulatório de Autismo do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (TEAMM-Unifesp) lançaram uma série com 15 vídeos voltados para pais de crianças com autismo. O objetivo do conteúdo – disponível gratuitamente na internet – é ensinar técnicas de estimulação de habilidades sociocomunicativas em crianças com o transtorno do espectro autista.

A falta de contato visual e a dificuldade de se comunicar pelo olhar (atenção compartilhada) podem ser os primeiros sinais – observados já aos 18 meses de vida – de que uma criança possa vir a ser diagnosticada dentro do espectro autista.

A elaboração dos vídeos e a realização de um estudo clínico sobre a efetividade desse tipo de capacitação para os pais foram fruto de um auxílio de pesquisa regular, apoiado pela Fapesp e pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, sob a coordenação de Jair de Jesus Mari.

Metodologia

A série de 15 vídeos utiliza a metodologia da psicologia comportamental conhecida como análise aplicada do comportamento, ou ABA (Applied Behavior Analysis, na sigla em inglês), já utilizado em diferentes países no atendimento a pessoas com autismo.

Efetividade

Em artigo publicado no Journal of Intellectual Disability Research, os pesquisadores comprovam a efetividade do treinamento de pais por videoaulas na melhora da cognição e comunicação das crianças com autismo grave e deficiência intelectual associada.

No estudo, 66 pais de crianças (entre 3 e 6 anos) com autismo grave e deficiência intelectual foram divididos em dois grupos. Um deles, formado por 32 pais, recebeu o atendimento padrão na rede pública de saúde e não acompanhou os vídeos. O outro grupo, com 34 pais, fez a capacitação com as videoaulas e aplicou as técnicas de estimulação do contato visual e da atenção compartilhada nas crianças.

Além do TEAMM-Unifesp, o estudo com os pais foi realizado concomitantemente em dois outros centros universitários e de pesquisa: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Habilidades

De acordo com os pesquisadores, em relação ao grupo controle, as crianças cujos pais aplicaram o treinamento aprendido nas videoaulas tiveram um aumento do QI de 7 pontos na média (de acordo com o paradigma CACE), uma melhora global na comunicação e diminuição de sintomas de autismo.

Além das atividades que devem ser realizadas com as crianças, os vídeos abordam ainda pré-requisitos indispensáveis para a realização dos treinos, como a necessidade de um ambiente tranquilo e com poucos objetos e brinquedos para evitar dispersão. Há ainda dicas de como lidar com os chamados comportamentos disruptivos – como quando a criança sai da cadeira e vai embora, tem estereotipias intensas, ou faz birra –, que podem atrapalhar o desenvolvimento do treino.

De acordo com a indicação dos pesquisadores, os pais devem realizar no mínimo 36 oportunidades diárias de treinamento, sendo dois blocos de nove tentativas, duas vezes ao dia, todos os dias da semana.

O artigo (em inglês) pode ser lido em https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/jir.12759
 
fonte: Secretaria Estadual da Educação de São Paulo

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