quarta-feira, julho 13, 2011

MG Educação Inclusiva é tema de encontro que reúne 200 pessoas no Instituto São Rafael

A partir do encontro será elaborado um relatório que vai subsidiar a revisão da atual regulamentação


A educação especial estará em pauta na Secretaria de Estado de Educação (SEE) nos próximos dias. Começa nesta quarta-feira uma reunião técnica para discutir o tema e as ações da Secretaria em todo o Estado. O encontro vai reunir cerca de 200 pessoas do órgão central da SEE, das Superintendências Regionais de Ensino (SREs) e de outras secretarias de estado. O objetivo é debater as políticas públicas na área e avaliar as ações que a SEE vem desenvolvendo nos últimos anos. O encontro acontece até sexta-feira, no Instituto São Rafael, no Barro Preto, em Belo Horizonte.


Entre mesas redondas, palestras e demais apresentações, a reunião vai perpassar tópicos relevantes para a educação especial em Minas Gerais. De acordo com a secretária-adjunta de Estado de Educação, Maria Ceres Spínola, o encontro é uma oportunidade de refletir e avançar na garantia do direito de todos à educação. “Todas as crianças e jovens têm direito à educação, independentemente de suas condições ou características individuais. Isso significa o direito ao conhecimento, a socialização com os iguais e a participação na vida da sociedade”, explica.


O encontro permitirá a elaboração de um relatório com contribuições do Sistema Estadual de Ensino sobre a educação especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Esse relatório será enviado ao Conselho Estadual de Educação para subsidiar a revisão da regulamentação atual. Um dos temas a serem abordados na reunião é o monitoramento das ações do Projeto Incluir. Criado pela SEE em 2005, o projeto visa preparar as escolas públicas para receber estudantes com deficiências e transtornos globais de desenvolvimento. O projeto atua desde a promoção da acessibilidade arquitetônica das edificações, até capacitação de educadores e formação de redes de apoio. A rede pública de ensino tem hoje mais de 35 mil alunos que necessitam de atendimento especializado. “O atendimento educacional especializado é especifico para alunos com deficiência. Por meio dele, a escola oferece as condições de acessibilidade a esse aluno. Pode ser por meio de um professor interprete de libras, de um professor guia intérprete ou de um atendimento em sala de recurso, sendo este último oferecido no contra-turno”, afirma a diretora de Educação Especial, Ana Regina Carvalho.


A complementação curricular em salas de recursos é uma forma de Atendimento Educacional Especializado. Professores especialistas prestam atendimento no contraturno de escolarização dos estudantes, em salas especiais. As chamadas salas de recursos são cômodos estruturados especialmente para receber estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Nas salas, os professores contam com recursos pedagógicos e tecnológicos adaptados. Nas salas com recursos para deficiência visual, por exemplo, há máquinas de escrever e impressoras em braile, conjunto de lupas, fones de ouvido, globo terrestre adaptado, entre outros materiais.


O atendimento nas salas de recurso pode acontecer individualmente ou em grupo, desde que se reúnam estudantes com necessidades educacionais semelhantes. O tempo do encontro varia de 50 minutos a duas horas e as reuniões podem ocorrer entre uma e cinco vezes na semana. Os estudantes com necessidades especiais podem ser atendidos nas salas de recursos em sua própria escola ou em outro estabelecimento. Atualmente, existem mais de 740 salas funcionando em escolas da rede estadual de Minas Gerais. “O atendimento em salas de recursos complementa a carga horária do aluno e possibilita o desenvolvimento de competência e habilidades nas diversas etapas de ensino, por meio de recursos pedagógicos especializados. É a oportunidade de oferecer ao aluno surdo, por exemplo, a aprendizagem de libras e todas as condições de equiparação de oportunidades que os alunos com deficiência precisam”, conclui Ana Regina Carvalho.


Capacitação


Capacitar profissionais para atuar junto a estudantes com deficiências é uma das ações principais do Projeto Incluir. Desde 2006, a Secretaria de Estado de Educação capacita uma média de 1.500 professores por ano e já habilitou profissionais para esse fim em 688 municípios mineiros. Em média, a SEE investe anualmente R$1,5 milhão na capacitação desses profissionais. Os professores capacitados passam a prestar o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que auxilia estudantes com necessidades especiais. Os docentes se tornam especialistas em oferecer condições de acessibilidade para os jovens durante o aprendizado.


O número de capacitações é determinado de acordo com a demanda detectada no Censo Escolar e no Plano de Atendimento Anual que é feito pela SEE. Atualmente, a Secretaria capacita professores para atuarem em quatro funções: como professores de salas de recurso, como intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras), que auxiliam os estudantes surdos; professores de apoio, que trabalham com jovens com deficiências múltiplas ou guia intérpretes, que trabalham com estudantes que são surdos e cegos ao mesmo tempo. Os três últimos profissionais trabalham em sala de aula, ao lado dos estudantes, garantindo com que os jovens tenham as mesmas condições de aprendizado dos demais. A professora de sala de recurso da Escola Estadual São Pedro e São Paulo, Maria da Graça Pereira Santos, já participou de algumas capacitações oferecidas pela SEE, entre elas a de Libra. “Na escola nós não temos alunos totalmente surdos, mas tem uma estudante que não fala e sempre quando ela quer falar alguma coisa eu ensino para ela como dizer o que ela quer na linguagem de sinais. Depois que aprende ela fica muito feliz”.


Capacitação a distância


As capacitações na área de educação especial não se limitam à formação de professores especialistas. Desde 2009, a SEE oferece o curso de Atualização em Educação Inclusiva para servidores da Educação. Ministrado por profissionais da PUC Minas Virtual, o curso iniciou este ano sua última turma e até o fim de 2011 terá capacitado 14 mil educadores, com um investimento de R$ 8,5 milhões por parte da Secretaria. O intuito não é o de formar especialistas, mas o de preparar o profissional para a educação inclusiva. “O professor aprende sobre os diferentes tipos de deficiência, os recursos de acessibilidade disponíveis e os apoios que cada estudante pode obter. Ele não se torna um especialista, mas passa a perceber as diferenças entre os ritmos de aprendizagem dos seus alunos”, explica a diretora de Educação Especial da SEE, Ana Regina de Carvalho.


Distribuição de kits


Este ano, pela primeira vez, a Secretaria está distribuindo kits de jogos para serem usados nas salas de recursos. São ao todo 200 kits, que devem ajudar os professores a observar e construir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais de que dispõem. Além disso, as escolas que atendem à estudantes com disfunção neuro-motora e transtornos graves na comunicação receberam kits de Comunicação Alternativa, compostos por vários tipos de materiais e objetos que possibilitam a comunicação entre os alunos e a confecção, pelo professor, de materiais adaptados para o processo de ensino e aprendizagem. Foram distribuídos ao todo 106 kits.


Alunos cegos e com baixa visão também são beneficiados. Atendendo a crescente demanda das escolas, somente em 2011, foram distribuídos 320 kits para estudantes com baixa visão e alunos cegos. Os kits são entregues nas escolas, mas os alunos beneficiados podem levá-los para casa. Entre os anos de 2004 e 2010 a Secretaria de Estado de Educação por meio da Diretoria de Educação Especial já distribuiu 277 kits inclusivos, sendo 70 de cegueira e 207 de baixa visão.
PORTAL DA EDUCAÇÃO MG

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