do Todos pela Educação
Fonte: Diário de Pernambuco (PE)
Professora universitária lançou o Downex, uma plataforma interativa que usa imagens e sons do cotidiano infantil para estimular o aprendizado
Identificar objetos de casa, animais e brinquedos pelos seus próprios nomes, uma etapa simples para a maioria das crianças, pode se tornar um obstáculo na Alfabetização quando há um diagnóstico de síndrome de Down ou hiperatividade, por exemplo. Pensando nisso, uma Professora universitária pernambucana desenvolveu um software que incentiva a associação de grafias e sons a imagens do cotidiano infantil. O Downex, que está disponível na internet, visa acelerar o reconhecimento de palavras mesmo por parte de jovens especiais e pode se tornar um importante aliado de pais e Professores no processo de Alfabetização.
De acordo com a idealizadora do projeto, Ameliara Freire, a iniciativa surgiu ainda quando ela fazia curso de graduação, fruto de dificuldades encontradas em sua vida pessoal. “Meu irmão, hoje com 25 anos, tem a síndrome de Down e a parte de Alfabetização sempre foi um problema em seu desenvolvimento. A ideia surgiu justamente para pensar em uma forma de facilitar esse aprendizado”, explica. O programa teve um projeto inicial quando Ameliara ainda estava na graduação do curso de sistemas de informação, em 2006, e tomou moldes de produto aplicável em um tratamento pedagógico neste ano, como parte da conclusão de seu projeto de mestrado.
Simples e com uma interface colorida, o Downex foi concebido para manuseio por parte da criança junto a um adulto responsável. Após escolhida uma das letras do alfabeto (ainda com 23 caracteres, sem a incorporação de k, y ou w), a criança é levada a uma tela em que deve identificar imagens e palavras que tenham início com a respectiva escolha. Além de cores, o Aluno ainda tem o recurso sonoro que identifica cada figura, facilitando a associação ao vocábulo. “É uma ferramenta fantástica. Conseguimos fixar a atenção mesmo em pacientes hiperativos e automatizar conhecimentos relacionados às letras trabalhadas. Além disso, o exercício contínuo com o mouse facilita o desenvolvimento da coordenação motora, muito relevante nestes casos”, afirmou a fonoaudióloga Andressa Viana, uma das primeiras profissionais de saúde a realizar testes com pacientes de Down utilizando o software.
Segundo Ameliara Freire, o projeto teve contribuições indiretas de diversos profissionais de Educação até chegar no modelo que será apresentado ao público. O número de imagens é restrito e uniforme, para evitar dispersão, e todas as palavras são escritas em caixa alta, para facilitar a diferenciação das letras. A avaliação é feita por meio de incentivos, utilizando termos como “parabéns” e “tente novamente”, em vez de restringir os resultados a erros e acertos. No site também serão criados perfis para Professores e administradores, de forma que relatórios dos usuários possam ser acessados e comparados, permitindo uma melhor avaliação de seu progresso. “A aceitação por parte da criança é boa porque a atividade se apresenta de forma divertida. Mas essa ação não substitui Professor ou aprendizado tradicional. É apenas uma forma de permitir um acompanhamento contínuo que acelere essa formação intelectual, em casa ou na Escola”, finaliza.
Opinião: A escola e o respeito às diferenças
Relembrando a experiência como Aluno da Rede Pública de Ensino, pensei em compartilhar tais lembranças que me remeteram a uma Escola que nunca foi inclusiva, ou seja, nunca respeitou as diferenças, mas foi sempre muito boa em deixá-las claras para saber como lidar com as mesmas. Entre outros fatos, lembrei-me das turmas divididas em ordem alfabética de acordo com o “potencial de cada Aluno”. Encontravam-se nas turmas “A” apenas os Alunos que nunca foram reprovados, enquanto nas turmas “B”, “C”, “D” e “E” aqueles os que não atingiram as metas estabelecidas exatamente nesta ordem de desmotivação. Muitas vezes ouvi de Professores: “Aquela turma “E” é um terror!”. Seria para separar o joio do trigo? Além disso, dentro das salas de aula era sempre lembrado quem era o Professor, detentor dos conhecimentos e da moral, e quem eram, para eles, os Alunos - vazios do conhecimento em suas mentes e com o dever da obediência à moral particular do Professor.
Quantas vezes também ouvi de Professores: “Eu já sei de tudo isso e tenho minha vida feita, mas se vocês não quiserem aprender saiam da sala, pois eu não perco nada com isso, no fim do mês meu salário será o mesmo!” Mas, não seria função de um Professor estimular o educando a ter interesse pelo aprendizado fortalecendo aquilo que ele, o educando, já sabe e dessa forma aprender com ele nesta construção coletiva de novos conhecimentos? E sobre a avaliação: quantas vezes os “Alunos” tiveram acesso à forma como eram avaliados nos temidos conselhos de classe?
Quantas vezes tivemos espaço para avaliar os Professores, a direção, enfim, a Escola? Quantas vezes participamos, de alguma forma, da elaboração da Proposta Político Pedagógica da Escola? Quem de nós Alunos sabia o que era essa tal de PPP? Quantas vezes opinamos pela escolha de algum esporte ou mesmo de outras atividades? Incrível como a Escola não observava os talentos que se mostravam em tantos Alunos de diversas formas que não eram a escrita, a leitura ou a capacidade de decorar questionários.
Será que se ela tivesse um olhar mais ampliado para estes talentos fora dos padrões pré-estabelecidos alguns de meus amigos ainda estariam vivos e outros livres? Não sei. Mas, porque a Professora dizia sempre: “Se você continuar com este comportamento vou chamar a diretora!”? Será que era porque ela, a diretora, tinha o poder de nos “suspender”, ou dependendo do caso, nos expulsar? Contavam-se histórias de Alunos expulsos que não conseguiam se matricular em Escola alguma porque estavam com má recomendação na ficha. Ficha suja? Será que isso era verdade, ou era uma forma de, através do medo, nos controlar? Muitos ficaram pelo caminho e não concluíram o Ensino médio, que era o tal 2° Grau da época, também conhecido como o final dos estudos. Alguém já ouviu a expressão: “E aí, Já terminou os estudos?” Será que a culpa dos que não concluíram o Ensino médio foi deles ou de uma Escola despreparada para lhe dar com as diferenças?
Uma Escola como a descrita acima, onde a resposta a todas as questões é negativa, pode ser chamada de Escola inclusiva ou testou a nossa capacidade de adaptação e submissão a ordem imposta por meio do medo de um futuro incerto? Ficam estas e outras questões para uma avaliação da Escola que temos hoje e o planejamento da que queremos futuramente.
O endereço do Downex é www.downex.com.br.
Fonte: Diário de Pernambuco (PE)
Professora universitária lançou o Downex, uma plataforma interativa que usa imagens e sons do cotidiano infantil para estimular o aprendizado
Identificar objetos de casa, animais e brinquedos pelos seus próprios nomes, uma etapa simples para a maioria das crianças, pode se tornar um obstáculo na Alfabetização quando há um diagnóstico de síndrome de Down ou hiperatividade, por exemplo. Pensando nisso, uma Professora universitária pernambucana desenvolveu um software que incentiva a associação de grafias e sons a imagens do cotidiano infantil. O Downex, que está disponível na internet, visa acelerar o reconhecimento de palavras mesmo por parte de jovens especiais e pode se tornar um importante aliado de pais e Professores no processo de Alfabetização.
De acordo com a idealizadora do projeto, Ameliara Freire, a iniciativa surgiu ainda quando ela fazia curso de graduação, fruto de dificuldades encontradas em sua vida pessoal. “Meu irmão, hoje com 25 anos, tem a síndrome de Down e a parte de Alfabetização sempre foi um problema em seu desenvolvimento. A ideia surgiu justamente para pensar em uma forma de facilitar esse aprendizado”, explica. O programa teve um projeto inicial quando Ameliara ainda estava na graduação do curso de sistemas de informação, em 2006, e tomou moldes de produto aplicável em um tratamento pedagógico neste ano, como parte da conclusão de seu projeto de mestrado.
Simples e com uma interface colorida, o Downex foi concebido para manuseio por parte da criança junto a um adulto responsável. Após escolhida uma das letras do alfabeto (ainda com 23 caracteres, sem a incorporação de k, y ou w), a criança é levada a uma tela em que deve identificar imagens e palavras que tenham início com a respectiva escolha. Além de cores, o Aluno ainda tem o recurso sonoro que identifica cada figura, facilitando a associação ao vocábulo. “É uma ferramenta fantástica. Conseguimos fixar a atenção mesmo em pacientes hiperativos e automatizar conhecimentos relacionados às letras trabalhadas. Além disso, o exercício contínuo com o mouse facilita o desenvolvimento da coordenação motora, muito relevante nestes casos”, afirmou a fonoaudióloga Andressa Viana, uma das primeiras profissionais de saúde a realizar testes com pacientes de Down utilizando o software.
Segundo Ameliara Freire, o projeto teve contribuições indiretas de diversos profissionais de Educação até chegar no modelo que será apresentado ao público. O número de imagens é restrito e uniforme, para evitar dispersão, e todas as palavras são escritas em caixa alta, para facilitar a diferenciação das letras. A avaliação é feita por meio de incentivos, utilizando termos como “parabéns” e “tente novamente”, em vez de restringir os resultados a erros e acertos. No site também serão criados perfis para Professores e administradores, de forma que relatórios dos usuários possam ser acessados e comparados, permitindo uma melhor avaliação de seu progresso. “A aceitação por parte da criança é boa porque a atividade se apresenta de forma divertida. Mas essa ação não substitui Professor ou aprendizado tradicional. É apenas uma forma de permitir um acompanhamento contínuo que acelere essa formação intelectual, em casa ou na Escola”, finaliza.
Opinião: A escola e o respeito às diferenças
Relembrando a experiência como Aluno da Rede Pública de Ensino, pensei em compartilhar tais lembranças que me remeteram a uma Escola que nunca foi inclusiva, ou seja, nunca respeitou as diferenças, mas foi sempre muito boa em deixá-las claras para saber como lidar com as mesmas. Entre outros fatos, lembrei-me das turmas divididas em ordem alfabética de acordo com o “potencial de cada Aluno”. Encontravam-se nas turmas “A” apenas os Alunos que nunca foram reprovados, enquanto nas turmas “B”, “C”, “D” e “E” aqueles os que não atingiram as metas estabelecidas exatamente nesta ordem de desmotivação. Muitas vezes ouvi de Professores: “Aquela turma “E” é um terror!”. Seria para separar o joio do trigo? Além disso, dentro das salas de aula era sempre lembrado quem era o Professor, detentor dos conhecimentos e da moral, e quem eram, para eles, os Alunos - vazios do conhecimento em suas mentes e com o dever da obediência à moral particular do Professor.
Quantas vezes também ouvi de Professores: “Eu já sei de tudo isso e tenho minha vida feita, mas se vocês não quiserem aprender saiam da sala, pois eu não perco nada com isso, no fim do mês meu salário será o mesmo!” Mas, não seria função de um Professor estimular o educando a ter interesse pelo aprendizado fortalecendo aquilo que ele, o educando, já sabe e dessa forma aprender com ele nesta construção coletiva de novos conhecimentos? E sobre a avaliação: quantas vezes os “Alunos” tiveram acesso à forma como eram avaliados nos temidos conselhos de classe?
Quantas vezes tivemos espaço para avaliar os Professores, a direção, enfim, a Escola? Quantas vezes participamos, de alguma forma, da elaboração da Proposta Político Pedagógica da Escola? Quem de nós Alunos sabia o que era essa tal de PPP? Quantas vezes opinamos pela escolha de algum esporte ou mesmo de outras atividades? Incrível como a Escola não observava os talentos que se mostravam em tantos Alunos de diversas formas que não eram a escrita, a leitura ou a capacidade de decorar questionários.
Será que se ela tivesse um olhar mais ampliado para estes talentos fora dos padrões pré-estabelecidos alguns de meus amigos ainda estariam vivos e outros livres? Não sei. Mas, porque a Professora dizia sempre: “Se você continuar com este comportamento vou chamar a diretora!”? Será que era porque ela, a diretora, tinha o poder de nos “suspender”, ou dependendo do caso, nos expulsar? Contavam-se histórias de Alunos expulsos que não conseguiam se matricular em Escola alguma porque estavam com má recomendação na ficha. Ficha suja? Será que isso era verdade, ou era uma forma de, através do medo, nos controlar? Muitos ficaram pelo caminho e não concluíram o Ensino médio, que era o tal 2° Grau da época, também conhecido como o final dos estudos. Alguém já ouviu a expressão: “E aí, Já terminou os estudos?” Será que a culpa dos que não concluíram o Ensino médio foi deles ou de uma Escola despreparada para lhe dar com as diferenças?
Uma Escola como a descrita acima, onde a resposta a todas as questões é negativa, pode ser chamada de Escola inclusiva ou testou a nossa capacidade de adaptação e submissão a ordem imposta por meio do medo de um futuro incerto? Ficam estas e outras questões para uma avaliação da Escola que temos hoje e o planejamento da que queremos futuramente.
O endereço do Downex é www.downex.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário