quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Educar para incluir os autistas

"É urgente investir na formação de professores, mediadores, diretores ou donos de escola, ponto crucial para a inclusão dos autistas", afirma Maria Gabriela Menezes de Oliveira

Fonte: O Globo (RJ)

A presidente Dilma Rousseff fez a sua parte ao sancionar, em janeiro, a Lei Berenice Piana, destinada a proteger, preservar e ajudar no desenvolvimento de crianças diagnosticadas com transtorno do espectro autista. Tal como ocorreu com a Lei Maria da Penha, quando se trata de violência doméstica, agora o povo brasileiro tem mais um instrumento, na verdade um guia em direção à inclusão social delas. Meu filho, portador de um tipo deste transtorno, a Síndrome de Asperger, e mais os filhos das milhares de mães pelo Brasil se apoiarão nesta lei para enfrentar desafios, imprevistos e obstáculos para além do cotidiano de suas vidas, quando se virem sozinhos.

A jornada do autismo começa muitas vezes por um diagnóstico tardio, conquista a total rejeição dos semelhantes, da maioria das Escolas e da sociedade e, sem os pais e os protetores, avança para além do medo do futuro. A lei é apenas o começo, espécie de reconhecimento formal de uma situação com a qual os brasileiros precisam aprender a viver. E, mais importante, as crianças - normais - precisam aprender a conviver com aquelas que lhes parecem diferentes, esquisitas, estranhas. Dessa convivência as crianças se desenvolverão menos temerosas, menos preconceituosas e, principalmente, mais tolerantes e acolhedoras. A longo prazo este será o mais belo subproduto da inclusão das crianças com necessidades especiais nas Escolas regulares.

Os autistas não serão curados pela simples convivência com outras crianças. Apesar de tudo podem até se desenvolver mais, desde que não sejam ridicularizados, excluídos e provocados pois lhes faltam meios e modos para lidar com essa situação. Ao enfrentarem uma Escola regular serão expostos às relações sociais do convívio interpessoal, pois a dificuldade de socialização caracteriza o autismo que provoca o isolamento. Apesar da precária comunicação verbal e não verbal, eles querem ter amigos. A compreensão que têm do relacionamento social é diferente das pessoas, digamos, normais, mas entendem muito do que se passa ao redor. Neste quesito é fundamental a mediação de profissionais preparados para lidar com estes deficientes - como agora são legalmente considerados - e os outros.

Muitos autistas também precisam de currículo adaptado para frequentar uma Escola regular. O papel da Escola é pedagógico, mas é muito mais: na Escola os princípios de cidadania são apresentados a todos. Portanto, desde a infância os autistas devem estudar em uma Escola regular e idealmente também receber - não no curso regular, mas em sintonia com ele, e em outro período - tratamento específico em treino de habilidades sociais, fonoaudiologia, terapia ocupacional, etc. O êxito de uma tarefa dessa magnitude social exige formar profissionais para incluir autistas nas salas de aula e mediar a relação entre todos. Repito: é urgente investir na formação de Professores, mediadores, diretores ou donos de Escola, ponto crucial para a inclusão dos autistas.

A Lei Berenice Piana pode - e vai - estimular a campanhas junto à sociedade. Eu e outras mães nos esforçamos nesse sentido, mas poucos querem aprender. A maioria prefere não ter um vizinho autista e sugere prender o filho deficiente em casa. Nossos filhos precisam de um outro olhar da sociedade que, em vez de segregá-los como párias, deve lhes estender as mãos da tolerância, da compreensão e da paciência.

2 comentários:

Nan disse...

Boa noite

Tenho um sobrinho com Asperger. Ele esrtá no 1o ano do ensino médiom, e arté ano passado estava em uma escola especial, mas agora foi para um colégio regular que usa método apostilado (método Objetivo). Ele está tendo grande dificuldade principalmente em gramática e intepretação de texto (tirou zero em uma prova), Eu leciono em São Paulo e tabto na escola onde esotu como na que lecionei anteriormente, havia e há tratamento diferenciado no que se refere a provas e avaliações. Os launos paresentam laudo e a única dieferença de tratamento é na avaliação, direcionada para cada caso. Mas meu sobrinho estuda em São Bernardo, e as escolas lá parecem nção adotar a mesma postura. Existe alguma lei, diretriz, algo que minha irmã possa levar até a escola? Ao mesmo tmepo, vou começar a dar aulas para ele de intepretalçao de tezto e gramática, ver se consigo ajudá-lo. Achei muito material em inglês, que vou começar a ler. Existe material em português que possa me ajudar? Super grata

Nancy

Anônimo disse...

No blog (usando Pesquisar) e na postagem (no final em Posts Relacionados).
Procure as páginas do Mec e das Secretarias da Educação, seja do Estado ou do Município.

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