terça-feira, setembro 04, 2012

Lidando com o Transtorno de Aprendizado

Professores de SP são capacitados para que todos os alunos aprendam em suas aulas

Fonte: Portal Porvir

Numa sala de aula cheia, alguns alunos aprendem muito rápido; outros, nem tanto. Ali, no meio de crianças e jovens com ritmos diferentes de aprendizado, há alguns que não aprendem nunca. “É preguiça de estudar”, dizem alguns; “iiih, com aquele nem adianta insistir”, repetem outros. Mas a verdade é que o problema desses meninos pode ser um transtorno de aprendizado, como dislexia ou discalculia, e, sem o tratamento correto, a chance de eles desistirem da escola é grande. Foi para ajudar quem lida com alunos com essas dificuldades que o Instituto ABCD começou, neste mês, a capacitar professores de escolas estaduais de São Paulo a prepararem aulas em que todos os alunos consigam aprender.

A capacitação começou com os coordenadores de polos. A partir do ano que vem, o treinamento ganhará um reforço: o instituto está produzindo vídeos curtos em que dá orientações para professores sobre como trabalhar a questão da neurodiversidade na sua prática cotidiana de sala de aula. Esses vídeos serão publicados pelo QMágico, uma plataforma de ensino online idealizada por alunos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

“Cada aluno aprende de um jeito. Tem aluno que aprende melhor lendo; outros, ouvindo; há os que precisam de estímulos táteis ou sinestésicos. O professor tem de ensinar de formas diferentes. Ele não pode só ensinar na lousa; deve usar imagens, experimentações”, diz Mônica Weinstein, diretora do instituto. Assim, ao usar diferentes recursos, não apenas quem tem dificuldade é beneficiado, mas toda a turma, já que os alunos são estimulados cognitivamente de várias formas, afirma a especialista. “No ensino público, ter uma atenção individualizada é difícil. Para ajudar um aluno com dificuldade de aprendizagem, não precisa prejudicar os outros. Todos saem ganhando com essa abordagem diferente.”

De acordo com a diretora do IABCD, quanto antes os alunos com essa condição forem corretamente diagnosticados melhor. Os estudantes com dislexia, por exemplo, têm muitas dificuldades com a leitura. Se a escola, a família e os profissionais de saúde demoram a perceber isso, ele passará anos sem acompanhar os colegas, com baixa motivação e autoestima. “Ano após ano, a escola repetiu que ele era um fracassado. Isso traz um trauma psicoafetivo enorme e ele acaba desistindo de estudar.”

Mônica cita o caso de um jovem que cumpria medida socioeducativa na Fundação Casa e que tinha abandonado os estudos havia três anos. Ao ser perguntando por que ele decidiu parar de frequentar a escola, ele disse: “Muito antes de eu desistir da escola, a escola tinha desistido de mim”, narrou a especialista. E o rapaz não estava errado. Apesar das estimativas serem de que entre 3% e 5% das pessoas tenham algum tipo de transtorno de aprendizagem, a sociedade ainda não está pronta para tratar do assunto. “A escola passa o problema para a saúde, que não consegue resolver sozinha e devolve para a família. A solução tem que envolver as três áreas.”

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