segunda-feira, junho 29, 2009

Leitura facilitada

Leitura facilitada

Pesquisadores da USP desenvolvem prancha de leitura acoplada a lupa para uso de pessoas com visão subnormal. Projeto teve apoio dos programas PIPE e PAPI, da FAPESP (foto: divulgação)

29/6/2009

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Um prancha de leitura acoplada a uma lupa, destinada a pessoas com baixa visão, foi criada por pesquisadores da Bonavision Auxílios Ópticos, empresa incubada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec) da Universidade de São Paulo (USP).

O produto mantém fixos a linha de leitura e o foco, proporcionando conforto em leituras prolongadas realizadas por pessoas com faixa de visão subnormal, termo utilizado para descrever a visão remanescente em indivíduos que sofrem de patologias como diabete, catarata ou glaucoma. Esse comprometimento da função visual impossibilita afazeres habituais mesmo após tratamento ou correção dos erros refrativos com o uso de óculos ou lentes de contato.

O desenvolvimento contou com apoio da FAPESP por meio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e do Programa de Apoio à Propriedade Intelectual (PAPI).

“A visão subnormal compreende indivíduos com acuidade visual corrigida entre 0,05 e 0,3 no melhor olho, ou seja, que enxergam em um campo de visão entre 5% e 30%, porcentagem que atinge cerca de 3/4 de todos os deficientes visuais do país”, disse José Américo Bonatti, coordenador do projeto e pesquisador da Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, à Agência FAPESP.

Calcula-se que o número de portadores de deficiência visual chegue aos 4 milhões de pessoas no Brasil, sendo 3 milhões com visão subnormal, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Acuidade visual é o grau de aptidão do olho para discriminar detalhes espaciais, ou a capacidade de perceber a forma e o contorno dos objetos.

Essa capacidade discriminatória é atributo das células fotossensíveis da retina, sendo que a acuidade visual não corrigida é medida sem a ajuda de óculos ou lentes de contato, enquanto a corrigida, considerada a mais relevante avaliação da saúde ocular, utiliza esses auxiliares em sua medição.

Segundo Bonatti, o produto, que está sendo vendido pela Bonavision a R$ 390, é dotado de uma lupa asférica de alto aumento e grande diâmetro que permite ver palavras inteiras. Com ajuste de foco individualizado, a lupa tem poder de refração de 28 dioptrias e 5 centímetros de diâmetro, proporcionando ampliação da imagem em cinco vezes e meia. A prancha é inclinada a 45 graus, reduzindo o esforço cervical e do tronco na leitura.

Ao utilizar a prancha, o usuário precisa apenas segurar o anel deslizante para movimentar a lupa no sentido horizontal enquanto lê ou escreve. Quando quiser ler as linhas superiores ou inferiores, basta movimentar o trilho metálico no sentido vertical.

“Esse acoplamento facilita a leitura, pois, quando o portador de baixa visão utiliza uma lupa manual comum, precisa segurá-la todo o tempo para manter o foco da lente e a linha horizontal de leitura”, disse.

Leitura inclusiva

Bonatti explica que uma das principais vantagens do produto é permitir que o aluno com deficiência visual possa acompanhar o mesmo material de leitura que está sendo lido pelos colegas de classe. E, quando precisar interromper a leitura, pode deixar a lupa imóvel para, em seguida, retornar rapidamente ao mesmo ponto do texto.

“Essa diferença é fundamental em relação às lupas não acopladas porque o usuário não perde a referência no texto. Isso pode se tornar complicado quando se pensa em um aluno deficiente visual que não consegue acompanhar seus colegas, podendo comprometer o aprendizado”, apontou.

“Nossa expectativa é que escolas e bibliotecas tenham uma prancha de leitura como ferramenta de inclusão social. Lembrando que todas as escolas do país são obrigadas a aceitar o deficiente visual e educá-lo da mesma maneira que os outros alunos. É preciso apoiar a educação inclusiva, que deve proporcionar equipamentos adequados para que os estudantes deficientes possam ter acesso ao mesmo material de leitura”, disse Bonatti.

Segundo ele, o fato de a lupa ficar acoplada ao trilho pode ajudar também pessoas idosas com problemas motores. “Sabemos que a leitura se constitui em uma atividade fundamental para o lazer dos idosos que, ao perder o ponto da leitura sucessivamente, têm reforçada a sensação de incapacidade e podem tender a desistir da leitura”, disse.

O desenvolvimento do produto contou com pesquisa sobre os equipamentos de referência ópticos e não ópticos para visão subnormal disponíveis no país, quando foram verificadas as principais necessidades dos portadores de visão subnormal em relação aos equipamentos existentes e ao exercício de suas atividades diárias.

O trabalho envolveu uma observação participativa junto a pacientes do Serviço de Visão Subnormal da Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Foi constatada uma preferência pelo uso das lupas em relação aos óculos na visão subnormal moderada e grave e também foi verificado que segurar as lupas é uma atividade cansativa, sobretudo entre os idosos.

Em seguida, o protótipo do produto foi testado no Hospital das Clínicas da FMUSP com 9 pacientes com visão subnormal, em comparação com o uso de uma lupa manual semelhante, considerando-se os seguintes parâmetros de avaliação: causa da doença, acuidade visual corrigida no melhor olho para longe e impressão pessoal do paciente comparando prancha de leitura e lupa teste.

De acordo com os resultados do estudo, publicado nos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 5 pacientes preferiram a prancha de leitura acoplada à lupa e dois optaram pela lupa manual. “A maioria dos pacientes avaliados preferiu a prancha por esta proporcionar a estabilidade da linha de leitura. Apesar de a amostra de pacientes ser pequena, ela tem um significado importante do ponto de vista qualitativo”, disse Bonatti.

Para ler o artigo Avaliação de pacientes utilizando equipamento inovador de auxílio à visão subnormal, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.

Mais informações sobre os produtos da Bonavision www.bonavision.com.br.

quarta-feira, junho 24, 2009

Nova tecnologia torna livros acessíveis a alunos cegos

Terça-feira, 23 de junho de 2009 - 17:52

Alunos com deficiência visual vão poder ler qualquer texto no livro digital falado. (Foto:João Bittar)Alunos com deficiência visual, baixa visão ou cegueira terão acesso gratuito a qualquer livro ou documento a partir de uma nova tecnologia que transforma texto escrito em áudio. Em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Ministério da Educação desenvolveu uma ferramenta de produção de livro digital falado. Foram investidos R$ 680 mil para criar a tecnologia, que será lançada nesta quarta-feira, 24, às 9h30, no Hotel Nacional, em Brasília, pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, e a secretária de educação especial, Cláudia Dutra.


“Essa solução tecnológica foi desenvolvida com base no padrão internacional Daisy”, explica a diretora de políticas de educação especial, Martinha Clarete dos Santos, em referência ao padrão Digital Accessible Information System (Daisy) – para produção e leitura de livros digitais.


Segundo ela, com base na tecnologia internacional, foi criada uma ferramenta adaptada às especificidades brasileiras, com narração de textos em português do Brasil, por exemplo. A tecnologia brasileira foi denominada de Mecdaisy e estará disponível gratuitamente no portal do MEC para qualquer interessado.


A ferramenta, segundo Martinha, confere autonomia à pessoa com deficiência visual, ao permitir acesso a qualquer tipo de informação escrita disponível para leitura no computador. “Hoje, o cego ou pessoa com baixa visão não encontra um formato de livro em que possa ler. É preciso procurar o livro em braille, ter um programa de ampliação de caracteres ou gravar o documento em áudio”, diz.


A tecnologia Mecdaisy permite que o usuário leia qualquer texto, a partir de narração em áudio ou adaptação em caracteres ampliados, além de oferecer opção de impressão em braille, tudo a um só tempo. Além disso, a tecnologia oferece recursos de navegabilidade muito simples. A partir de movimentos de teclas de atalhos ou do mouse, o leitor pode fazer anotações e marcações no texto, avançar e recuar na leitura etc.


“O Mecdaisy descreve figuras, gráficos e qualquer imagem presente no documento”, completa Martinha. Ela informa que o conjunto de programas ainda vem acompanhado de uma metodologia de produção de livros em formato digital acessível. Assim, a tecnologia permite a leitura de qualquer texto disponível no computador e a produção de livro digital.


“Pais, alunos, professores e editoras de livros poderão tornar seus livros ou acervos acessíveis às pessoas com deficiência visual de graça”, comemora Martinha. Para impulsionar a criação de acervos digitais acessíveis, o MEC destinará R$ 180 mil a cada um dos 55 centros de produção do livro acessível espalhados pelas cinco regiões do país.


“Os centros vão produzir os livros didáticos já distribuídos às escolas em formato acessível. Nos próximos editais dos programas do livro, o formato digital já estará contemplado”, informa Martinha. Os livros produzidos pelos centros integrarão o Acervo Digital Acessível, um espaço virtual criado pela Universidade de Brasília (UnB) que estará disponível na portal do MEC para que qualquer interessado acesse as obras.


“A tecnologia Mecdaisy democratiza o acesso ao livro, dá condição à livre produção, ao compartilhamento e até ao aperfeiçoamento dos programas, já que desenvolvedores podem incrementar a metodologia”, diz Martinha. A tecnologia Mecdaisy é compatível com os sistemas Windows e Linux.


Com a medida, o ministério amplia o apoio aos sistemas de ensino para tornar disponíveis recursos de tecnologia assistiva nas escolas e cumpre o disposto no artigo 58 do Decreto nº 5.296/2004, que estabelece: “O poder público adotará mecanismos de incentivo para tornar disponíveis em meio magnético, em formato de texto, as obras publicadas no país”.

Maria Clara Machado

MEC

segunda-feira, junho 22, 2009

Secretaria produz mais de um milhão de materiais didáticos voltados para alunos com deficiência

Volume supera total produzido em 2008; mais de 80 mil educadores já foram capacitados

Em 2009, a Secretaria de Estado da Educação amplia seus recursos voltados à estudantes com deficiência. Sua meta é produzir mais de um milhão de materiais adaptados, como livros em braille e cadernos especiais. O volume é quase o dobro do produzido em 2008.

Mais de 83 mil professores foram capacitados entre 2000 e 2009 pelo Cape (Centro de Apoio Pedagógico Especializado), órgão da Secretaria. O investimento total previsto para 2009 para a Educação Especial é de R$ 90 milhões, 9% a mais do que o destinado em 2008.

Nos meses de junho e julho deste ano, uma das capacitações feitas pela Secretaria vai oferecer aos professores de ciências, história, geografia e educação especial um curso de orientação técnica de ensino de língua portuguesa para portadores de deficiência auditiva. Serão capacitados 364 educadores. Cerca de 2000 professores também foram capacitados sobre a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).

Os alunos com deficiência têm outros materiais à disposição na rede. Para os estudantes sem visão ou com visão subnormal, a Secretaria oferece o Soroban, a máquina de assinatura e estante para leitura em braile. O Soroban é uma espécie de ábaco para fazer contas; a máquina de assinatura é utilizada para que aprendam a assinar o nome e a estante para leitura auxilia o ensino em braile. Os alunos com deficiência na visão acompanham as aulas com material didático específico. Os cadernos, que fazem parte da Proposta Curricular da Secretaria de Educação, estão disponíveis no formato de livro digital. Por meio de um software chamado DosVox, os estudantes conseguem ouvir o que está sendo mostrado no computador. Por meio desse software também é possível navegar na internet e fazer trabalhos da escola.

Nível internacional - A Secretaria participa, neste mês, em Brasília, do lançamento do DAISY (Digital Accessible Information System), padrão usado mundialmente para produção de livros acessíveis. A produção de livros em formato Daisy 3.0 está alinhado ao processo global de acessibilidade para deficientes visuais e pessoas que apresentam algum tipo de limitação na leitura, como idosos, deficientes físicos e disléxicos. A Secretaria vai, em breve, produzir os livros neste formato.

O objetivo do sistema de educação do estado é continuar com a ampliação da acessibilidade em escolas da rede, com a instalação de elevadores, sanitários especiais, rampas, sinalização podotátil, alteração na largura das portas ou na altura das bancadas de atendimento e bebedouros, entre outros.

“A Secretaria tem aumentado esforços para a inclusão tanto física quanto intelectual dos alunos com deficiência. Os profissionais da rede são capazes de lidar com as mais diversas necessidades dos estudantes e temos nos especializado na produção de material didático voltado a esses alunos”, afirma o secretário Paulo Renato Souza.

Os números

A rede estadual de ensino atende 54.594 alunos com deficiências. Para isso, oferece 10.626 salas de recursos voltadas para atividades complementares aos estudantes. Os alunos com deficiência são matriculados em classes regulares e utilizam as salas de recursos no contra-turno, de acordo com suas necessidades.

São cerca de 7000 alunos cegos ou com baixa visão; 5100 alunos surdos ou com surdez leve ou moderada; 85 surdocegos; 29000 alunos com deficiência mental; 1500 com deficiência múltipla e 4300 com deficiência física.

Parcerias

Além das salas de recursos, a Secretaria de Estado da Educação apóia entidades assistenciais que educam portadores de deficiência mental. Duzentas e noventa e nove instituições paulistas recebem em 2009 um repasse de R$78,5 milhões de reais, beneficiando cerca de 33 mil crianças e adolescentes. O recurso é 14% superior aos R$ 67,7 milhões liberados em 2008.

Do total de instituições beneficiadas, 261 são unidades da Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais). Neste ano a pasta libera verba também para associações especializadas em alunos autistas, como a Sociedade Pestalozzi de São Paulo e a Associação de Amigos de Autistas (em SP e Ribeirão Preto). Todas as entidades precisam estar em dia com a documentação para receber recurso financeiro da Secretaria.

O Cape

Criado para formular políticas de inclusão na maior rede de educação do Brasil, o Cape desenvolve capacitações a professores, diretores, supervisores e assistentes técnico-pedagógicos das cerca de 5,3 mil escolas estaduais. São cursos, orientações e palestras, por exemplo. Os treinamentos envolvem todos os tipos de deficiência: motora, visual, auditiva e mental.

O Cape é também o órgão da Secretaria responsável por capacitar professores para a identificação de alunos superdotados, com déficit de atenção ou hiperatividade. Sua equipe é formada por psicólogos, fonoaudiólogos e professores especializados.

Alguns cursos oferecidos pela Secretaria via Cape:

- Práticas e recursos na área de deficiência mental

- Informática para portadores de deficiência visual

- Identificação e conceitos pedagógicos para alunos disléxicos e com déficit de atenção e hiperatividade

- Atendimento para alunos em classes hospitalares

- Ensino de língua portuguesa para surdos

- Curso de Libras – Linguagem Brasileira de Sinais

- Olhar para altas habilidades

- Sexualidade na deficiência mental

- Curso de uso do Soroban para alunos com deficiência visual

- Simpósio sobre educação inclusiva


SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Resolução SE Nº 08/2009 - admissão de docentes com qualificação na Língua Brasileira de Sinais - Libras

Publicado em 20/06/2009

Dispõe sobre a admissão de docentes com qualificação na Língua Brasileira de Sinais - Libras, nas escolas da rede estadual de ensino


O Secretário da Educação, à vista das disposições da Lei Nº 10.098/2000, da Lei Nº 10.436/2002, do Decreto Federal Nº 5.626/2005 e considerando a necessidade de se garantir aos alunos surdos ou com deficiência auditiva, o acesso às informações e aos conhecimentos curriculares dos ensinos fundamental e médio, resolve:

Artigo 1º - As unidades escolares da rede estadual de ensino incluirão em seu quadro funcional docentes que apresentem qualificação e proficiência na Língua Brasileira de Sinais - Libras, quando tiverem alunos surdos ou com deficiência auditiva, que não se comunicam oralmente, matriculados em salas de aula comuns do ensino regular.

§ 1º - Os docentes a que se refere o caput deste artigo atuarão na condição de interlocutor dos professores e dos alunos, nas classes e/ou nas séries do ensino fundamental e médio, inclusive da educação de jovens e adultos (EJA).

§ 2º - a admissão do docente interlocutor da LIBRAS / Língua Portuguesa assegurará, aos alunos surdos ou com deficiência auditiva, a comunicação interativa professor-aluno no desenvolvimento das aulas, possibilitando o entendimento e o acesso à informação, às atividades e aos conteúdos curriculares, no processo de ensino e aprendizagem.

Artigo 2º - o docente interlocutor cumprirá o número de horas semanais correspondente à carga horária da classe ou da série em que irá atuar, no desenvolvimento de cada uma das aulas diárias, inclusive das de Educação Física, mesmo quando ministradas no contraturno de funcionamento da classe/série atendida.

§ 1º - a atribuição da carga horária a que se refere o caput observará a ordem de classificação dos docentes e candidatos inscritos e/ou cadastrados para o processo anual de atribuição de classes e aulas, nos termos dos itens 3 e 4 do parágrafo 2º do artigo 15 da Resolução SE Nº 97/2008.

§ 2º - Os candidatos devem ser portadores de diploma de licenciatura plena, para atuação nas séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, ou de curso de nível médio com habilitação em Magistério, para atuação nas séries iniciais do Ensino Fundamental, e apresentar pelo menos um dos seguintes títulos:

1 - diploma ou certificado de curso de graduação ou de pós-graduação em Letras - Libras;

2 - certificado de proficiência em Libras, expedido pelo MEC;

3 - certificado de conclusão de curso de Libras de, no mínimo, 120 (cento e vinte) horas.

4 - habilitação ou especialização em Deficiência Auditiva / Audiocomunicação com carga horária de Libras

§ 3º - o docente interlocutor será admitido como Professor Educação Básica I - PEB I, a ser remunerado com base no valor fixado na Faixa 1 da Escala de Vencimentos - Classe Docentes (EV-CD), no Nível IV, se portador de diploma de licenciatura plena, ou no Nível I, quando portador de diploma de nível médio.

Artigo 3º - Caberá às Diretorias de Ensino, em sua área de jurisdição:

I - identificar, em cada unidade escolar, a demanda de alunos que necessitam do atendimento previsto nesta resolução;

II - racionalizar, antes do início do ano letivo, a demanda regional de alunos, buscando efetivar as matrículas da forma mais adequada ao atendimento dos alunos;

III - promover orientação técnica aos docentes interlocutores, com vistas a definir sua área de atuação, mediante a observância dos preceitos éticos de imparcialidade, frente à autonomia e ao desempenho do professor da classe/série, e à não interferência na atenção e no desenvolvimento da aprendizagem relativamente aos demais alunos;

IV - orientar e esclarecer os gestores e os docentes das unidades escolares sobre a natureza das ações a serem desenvolvidas pelo docente interlocutor, favorecendo condições de aceitação e adequações necessárias à implementação desse atendimento especializado;

V - providenciar, quando necessário em sua região, a qualificação de professores da rede, mediante a realização de cursos de formação continuada em Libras, de no mínimo 120 (cento e vinte) horas, com expedição da certificação correspondente, promovidos por instituições credenciadas pela Secretaria da Educação.

Artigo 4º - Caberá à Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, conjuntamente com as Coordenadorias de Ensino:

I - homologar a quantidade e o atendimento dos alunos, de que trata esta resolução, a serem atendidos por Diretoria de Ensino, observadas as quantidades de alunos matriculados em classes/séries comuns, sem descaracterizar atendimento ao preceito da inclusão;

II - expedir normas de procedimento e diretrizes didáticopedagógicas para subsidiar as Diretorias de Ensino na realização das orientações técnicas aos docentes interlocutores, bem como nos esclarecimentos aos gestores e docentes das unidades escolares;

III - autorizar e credenciar instituições para a realização de cursos de Libras nas Diretorias de Ensino;

IV - decidir sobre situações atípicas que possam se verificar e/ou solucionar casos omissos.

Artigo 5º - no corrente ano, visando a atender às respectivas demandas, as Diretorias de Ensino poderão reabrir período de cadastramento, a qualquer tempo, se necessário, a fim de abranger candidatos qualificados para o exercício da função de docente interlocutor.

Artigo 6º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

RECORTES DO DIÁRIO OFICIAL

sábado, junho 20, 2009

Educação especial no HTPC

REDE DO SABER

Videoconferência sobre a educação especial no Horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC)

Clique aqui para assistir

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sexta-feira, junho 19, 2009

Preconceito dentro de escolas é generalizado, diz pesquisa

Alunos com deficiência física ou mental são as principais vítimas do preconceito dentro das Escolas. E as atitudes preconceituosas são vistas em quase todos colégios públicos do País, locais que por princípio zelam pela diversidade. As conclusões constam em pesquisa inédita sobre preconceito e discriminação no ambiente Escolar, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido da Secretaria de Educação Continuada, alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação.Foram ouvidas 18.599 pessoas de 501 Escolas públicas do País, entre alunos a partir dos 13 anos, professores, diretores, funcionários e pais dos estudantes. Do grupo entrevistado, 99,3% das pessoas guardam algum tipo de preconceito e 99,9% delas mantêm distância dos discriminados.

Nas sete grandes áreas temáticas que fizeram parte da pesquisa, o preconceito contra portadores de necessidades especiais lidera os porcentuais de atitudes preconceituosas, com 96,5% dos entrevistados demonstrando algum grau de discriminação contra esse grupo. O preconceito racial ficou um pouco abaixo, com 94,2%.

Na outra baliza do estudo, que media o distanciamento social, 98,9% declararam preconceito contra o grupo de deficientes mentais, seguidos pelo grupo dos homossexuais, que sofrem algum tipo de resistência de 98,5% dos entrevistados.

“Pelos altos porcentuais, pode-se concluir que o ambiente Escolar tem um componente preconceituoso bastante generalizado entre os pesquisados. No geral, a maior parte das pessoas tem três, quatro ou cinco tipos de preconceito”, afirma José Afonso Mazzon, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP e coordenador da pesquisa.

Mazzon diz que o fato de os estudantes declararem, comparativamente com os outros participantes, mais atitudes preconceituosas indica que é necessário um trabalho mais abrangente com a comunidade Escolar, especialmente com as famílias dos alunos. “A pesquisa mostra que o preconceito não é isolado. A sociedade é preconceituosa. Logo, a Escola também será. Esses preconceitos são tão amplos e profundos que são quase características da nossa cultura”, diz o professor da USP.

A pesquisa mostrou também que pelo menos 10% dos alunos relataram ter conhecimento de bullying, situações em que alunos, professores ou funcionários foram humilhados, agredidos ou acusados injustamente. A maior parte (19%) foi motivada pelo aluno ser negro. Depois, aparecem os pobres (18,2%) e os homossexuais (17,4%). No caso dos professores, parte do bullying está associada ao fato de ser idoso (8,9%).

O estudo ainda associou preconceito e desempenho. Nos colégios em que as manifestações de preconceito são mais intensas, houve menor desempenho na Prova Brasil, exame nacional de avaliação das Escolas públicas. Não se pode, porém, dizer que há relação direta de causa e efeito.

A PESQUISA


O estudo foi feito por meio de questionários aplicados a alunos do 7º e 8º anos do ensino fundamental, do 3.º ano do ensino médio, da Educação de Jovens e Adultos e de pais, professores, diretores e funcionários. Para cada frase colocada, eles diziam se concordavam ou discordavam dela, muito ou pouco. Para selecionar os entrevistados, foi calculada amostra representativa da população Escolar brasileira da rede pública.

JORNAL DA TARDE

quinta-feira, junho 18, 2009

Professores fazem curso de língua portuguesa para deficientes auditivos

Educadores de diferentes disciplinas serão treinados pela secretaria a partir do próximo dia 19

No próximo dia 19, a Secretaria de Estado da Educação vai oferecer aos professores de ciências, história, geografia e educação especial um curso de orientação técnica de ensino de língua portuguesa para portadores de deficiência auditiva. Serão capacitados 364 educadores no Centro de Apoio Especializado (Cape), da Secretaria.

O mesmo curso será realizado nos dias 6, 7 e 8 de julho, também no Cape. O objetivo é capacitar professores de outras disciplinas para trabalhar a grafia com alunos que apresentem deficiência auditiva. Até então, essa tarefa coube apenas aos professores da língua portuguesa, responsáveis pela alfabetização.

A Secretaria atende cerca de 290 alunos com deficiência auditiva nos ensinos Fundamental e Médio de todo o Estado, que serão beneficiados pelo programa de atualização de professores. "Investir no treinamento constante de professores é fundamental para garantir a inclusão destes alunos. Com professores capacitados, damos um passo decisivo para melhorar a aprendizagem dos estudantes", afirma o secretário de Estado da Educação, Paulo Renato Souza.

As aulas serão ministradas por profissionais do Cape e por Maria Cristina Pereira, professora de Lingüística da PUC (Pontifícia Universidade Católica) e membro da Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios de Comunicação da PUC.

O Cape é o órgão responsável pela produção de materiais destinados aos alunos portadores de necessidades especiais. Além disso, o departamento realiza um trabalho especializado para identificar alunos superdotados, com déficit de atenção ou hiperatividade. Sua equipe é formada por psicólogos, fonoaudiólogos e professores especializados.

Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

terça-feira, junho 16, 2009

Em biblioteca de SP, deficientes visuais aprendem a ler e a escrever

Alunos têm acesso a diversos tipos de livro em braile.
No local, eles também aprendem a usar a máquina braile.
Do G1, com informações do Via Brasil
Em uma biblioteca na cidade de Tatuí, no interior de São Paulo, deficientes visuais aprendem a ler e a escrever. Eles contam com a ajuda de voluntários e têm acesso a diversos tipos de livro em braile, desde literatura brasileira a coleções internacionais.

Qualquer pessoa com deficiência visual pode ter acesso às aulas. “A biblioteca surgiu desde a fundação da Apodet, há 12 anos”, afirma Mirian Walti, presidente da entidade.

Alunos de toda a região freqüentam as aulas. “É uma coisa de paciência do aluno e do professor”, afirma a dona de casa Francelina Fátima Martins, que, assim como alguns dos seus irmãos, também tem deficiência visual. “É preciso ter perseverança, mas, para mim, tem sido muito gratificante.”

O músico Geraldo Alves, que frequenta o local, ressalta a importância de todos terem acesso ao conhecimento. “O deficiente visual está à margem das outras pessoas que enxergam e, pelo braile, consegue se instruir”, afirma.

Inclusão de crianças com paralisia cerebral é tema de pesquisa

Crianças com paralisia cerebral apresentam dificuldades motoras, mas têm total capacidade cognitiva. Para que frequentem a escola e acompanhem as disciplinas, elas precisam ser atendidas corretamente pelos professores e dispor de um mobiliário adequado. A inclusão de crianças com paralisia cerebral no ensino regular é tema de pesquisa desenvolvida pelas alunas Débora Campos, Mariane da Silva e Gisely de Souza, do 5º ano do curso de Terapia Ocupacional da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

O estudo é desenvolvido em parceria com o Núcleo de Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva e Acessibilidade (Nedeta) da universidade e tem como objetivo avaliar as condições de inclusão dessas crianças em escolas públicas e privadas. "Percebemos que o desempenho das crianças não evoluía porque as escolas não estão preparadas para recebê-las. Os professores não sabem lidar com elas, pois não receberam suporte para atender crianças assim, e há poucas rampas e banheiros adaptados nas escolas", explica Mariane da Silva.

As pesquisadoras iniciaram as visitas em 14 escolas, onde acompanham os estudantes em sala de aula. A ideia é verificar quais crianças estão adaptadas ao ambiente escolar e quantos professores estão qualificados para trabalhar com alunos com paralisia cerebral. "O que falta ao professor é formação. Na graduação, eles não são formados para lidar com crianças assim. O que acontece é que, um dia, chegam na sala e há um aluno com paralisia cerebral entre os demais", detalha Mariane.

É necessário, segundo as estudantes, aproximar a criança do professor, estabelecer uma forma de comunicação eficiente e envolver os outros alunos para minimizar os preconceitos. Para isso, o Nedeta promove cursos de capacitação de docentes. "Se prepararmos o professor para desenvolver materiais, se ele souber montar um álbum de comunicação alternativa e outros recursos básicos para facilitar a inclusão, o aluno com paralisia cerebral consegue acompanhar os colegas", explica Ana Irene Alves, orientadora da pesquisa e coordenadora do Nedeta.

Além da comunicação, o ambiente das escolas também é um dos desafios enfrentados pelas crianças com paralisia. Nas análises preliminares, as pesquisadoras perceberam a falta de rampas de acesso para alunos cadeirantes e de banheiros adequados. "Em muitos deles, não é possível nem entrar com a cadeira de rodas", diz a professora Ana Irene. "Às vezes, até há banheiros adaptados, mas eles ficam trancados ou foram construídos longe demais das salas de aula", completa a aluna Mariane da Silva.

A paralisia cerebral é uma lesão causada, em geral, pela falta de oxigenação do cérebro. Os portadores de paralisia têm dificuldades motoras, mas possuem capacidade cognitiva normal. Mesmo assim, segundo Ana Irene Alves, ainda há preconceito. "Algumas dessas crianças não conseguem pegar um lápis e a maioria tem dificuldade para se comunicar. Por isso, elas são constantemente confundidas com deficientes mentais, mas, se estimuladas, podem aprender e interagir como qualquer um", explica.

Ericka Pinto - Uepa

Agência Pará de Notícias

domingo, junho 14, 2009

Superdotados desenvolvem habilidades dentro de programa especial em Maringá

Aos 9 anos de idade, o garoto explica com destreza como calcular a raiz quadrada de um trilhão. Para fazer a conta, Samuel Vianna Quintanilha, aluno da terceira série do ensino fundamental, dispensa lápis, papel e calculadora. Em dez segundos vem a resposta: “É um milhão”, diz ele, confiante de que a conta está certa. E está.

Samuel é um dos 14 estudantes com altas habilidades que frequentam, duas vezes por semana, a sala de recursos para alunos identificados como portadores de superdotação, no Instituto Estadual de Educação de Maringá.

Na manhã de terça-feira (9), cinco estudantes feras em matemática, com idade entre 8 e 12 anos, disputavam uma partida de banco imobiliário e tentavam encontrar uma forma de calcular a raiz quadrada de um número decimal.

“Eles fazem operações matemáticas que os estudantes do ensino médio estão aprendendo”, conta a professora da turma, Luciene Celina Cristina Mochi, especialista em educação especial.

No Paraná, são 254 estudantes com altas habilidades atendidos pelo governo do Estado; 34 estão em Maringá. O governo estadual implantou duas salas de recursos na cidade.

A primeira delas começou a funcionar em 2004, no Instituto de Educação. A outra, com 20 estudantes, fica no Colégio Estadual Gastão Vidigal. As salas oferecem suporte pedagógico e enriquecem o currículo dos alunos.

Meninos e meninas frequentam a escola regular e, no contraturno, vão para as salas de recursos. “Nas salas, as crianças não se sentem constrangidas em ter interesses que os colegas da mesma idade não demostram”, diz a chefe do Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional do Estado do Paraná, Angelina Mateskei.

Por enquanto, somente estudantes do ensino fundamental têm suporte pedagógico na cidade. O Núcleo Regional de Educação de Maringá aguarda autorização da Secretaria Estadual de Educação para iniciar atendimento aos estudantes de outras séries. Curitiba, Londrina, Campo Largo e Fazenda Rio Grande são as outras cidades onde há atendimento especializado.

Luciene explica que, durante as quatro horas semanais que as crianças permanecem no Instituto, elas têm a oportunidade de aprofundar o assunto que lhes interessou durante a aula ou temas que não estão no currículo das escolas.

O professor tem que dar conta do conteúdo e não pode ir além porque tem um cronograma a cumprir. “Sem o apoio extracurricular, o aluno fica sem a chance de enriquecer as habilidades.”

O ingresso de um aluno no Serviço de Apoio Especializado parte da observação do professor da escola regular. Passa, primeiro, por avaliações e entrevista para identificar suas habilidades. As avaliações são feitas pelos professores especialistas em educação especial, que fazem parte do projeto do governo do Estado.

Os pais também participam de uma entrevista. “Só depois disso poderemos encaminhá-lo para a sala de recursos”, diz Luciene. Os 14 estudantes são separados em grupos, de acordo com as áreas de interesse. Em um dia da semana, os professores reúnem todos os alunos para trocar experiências.

“Normalmente, nas salas de aula, os garotos são tímidos e têm dificuldade de se relacionar com os colegas, mas aqui (no Instituto) eles ficam mais à vontade porque têm com quem compartilhar seus interesses”, relata a professora.

O trabalho nas salas de recursos conta com o apoio de universidades locais. Em Maringá, os alunos fazem visitas aos laboratórios da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e contam com a ajuda dos professores.

Angelina afirma que o contato dos alunos com as universidades possibilita que as aptidões que começaram a desenvolver nas primeiras séries do ensino fundamental perdurem no ensino médio e cheguem à faculdade. “Assim, estaremos cuidando dos nossos talentos.”


Dos insetos ao sistema solar

Em Maringá, os alunos com altas habilidades atendidos em salas de recursos da cidade revelam interesses bem específicos. O pequeno Wellingthon Guilherme Linares Pereira Santos, 8 anos, gosta de matemática e de observar insetos.

Ezequiel Portela Alves da Silva, 11, é atento às questões ambientais e tem simpatia pela física. Aluno da quinta série, Marco Aurélio Janeiro, 12, tem facilidade em relacionar-se com as pessoas, é cooperativo, sociável e prefere não ficar só.

“É um líder nato”, aponta a pedagoga Luciene Celina Cristina Mochi, especialista em educação especial, professora do Instituto Estadual de Educação de Maringá.

Steferson Wesley Linares Pereira Junior, 10, já venceu o próprio mestre em uma partida de xadrez. “Ele é um excelente jogador”, elogia o pai Steferson, que é dekasségui. Junior frequenta aulas de inglês, xadrez e música.

Ele e os irmãos Wellingthon e Everton, 6 anos, são considerados garotos com inteligência acima da média. Pesquisas ainda não conseguiram comprovar se a superdotação é uma característica estritamente genética. Existem outros estudos que relacionam as altas habilidades ao estímulo ambiental.

Em casa, Ezequiel, o garoto de 11 anos, atualmente preocupado com o aquecimento global, enche a mãe Olga Maria Portela de perguntas. A curiosidade é tanta que o menino, certa vez, calculou a quantidade de gotas em um copo de água antes de beber.

“Ele tem muita vontade de estudar”, conta a mãe, que é dona de casa. Na sala de recursos do Instituto, Ezequiel sugeriu à professora que o grupo fizesse uma maquete do sistema solar. “Ele é apaixonado por física. Tenho certeza de que, quando se tornar adulto, vai se envolver com essa área.”

Olga conta que o filho foi vítima de preconceito na escola. “Os colegas o chamavam de nerd e ele sofria com isso”, aponta. Foi preciso interferência dos professores para explicar ao restante da classe que o fato de o garoto conseguir boas notas e de ter facilidade em assimilar os conteúdos não eram motivos para discriminá-lo.

Com três anos de idade, Samuel Vianna Quintanilha, hoje com 9, já fazia contas de divisão. Aluno da terceira série de uma escola particular em Maringá, o garoto dá aulas de reforço em matemática para a vizinha. Na sala de aula, a professora deixa o menino avançar na matéria. “Eu sou rápido em fazer contas e consigo terminar os exercícios antes dos outros”, diz

Segundo Luciene, ao valorizar o conhecimento, esses alunos conservam o respeito aos professores. Em tempos de xingamentos, agressões físicas e discriminações dentro das escolas, o estudante com altas habilidades aprende a admirar e valorizar quem o ensina a ler e escrever.


Rótulo de gênio é evitado

A pedagogia e a psicologia modernas não mais se referem a essas crianças como gênios. Hoje, o termo é limitado a definir a pessoa que deu uma parcela de contribuição para a humanidade, gente que provocou mudanças no mundo, como Mozart e Albert Einstein. “O garoto pode ser muito inteligente, mas se não tiver contribuído para a humanidade não tem como ele ser considerado um gênio.”

Agora, em vez de um simples teste de Quociente Intelectual (QI), são utilizadas avaliações psicológicas e entrevistas que medem as habilidades das crianças em várias áreas. Sem capacitação, professores das redes pública e particular, na maioria das vezes, não percebem no aluno a alta habilidade, já que ele pode expressá-la em uma disciplina e, ao mesmo tempo, apresentar notas baixas em outra.

Segundo Luciene, essas barreiras fazem com que o número de superdotados conhecidos seja muito aquém do existente. A professora acrescenta que o preconceito é outro empecilho para a identificação. “As pessoas agem como se não pudessem existir crianças com inteligência superior.

Esses garotos sofrem o mesmo preconceito de que é vítima uma criança com inteligência abaixo da média”, afirma a pedagoga. Para ela, os professores têm mais facilidade em identificar um aluno com déficit de aprendizagem do que em perceber um superdotado.

“O nosso país tem muito preconceito com a criança habilidosa”, comenta a professora.

Carla Guedes
carla@odiariomaringa.com.br

O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ On Line

sexta-feira, junho 12, 2009

Prorrogado o prazo de indicação para as salas multifuncionais

Sexta-feira, 12 de junho de 2009 - 11:45

Foi prorrogado para 20 de junho o prazo para as secretarias estaduais e municipais de educação indicarem as escolas que receberão salas de recursos multifuncionais este ano. O Ministério da Educação vai oferecer, até dezembro, dez mil salas às redes públicas de ensino.

A medida é uma forma de apoiar estados e municípios no atendimento a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação matriculados nas classes comuns das escolas públicas. Para fazer a indicação, o gestor estadual ou municipal deve se cadastrar no Sistema de Gestão de Tecnologia e prestar as informações solicitadas.

Depois de preencher os campos Usuário e Senha, ele terá acesso ao menu Logística, onde encontrará as opções Distribuição de Equipamentos e Entidades Atendidas. No menu Distribuição, deve ser selecionado o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. Na parte inferior da tela, aparecerá a lista de escolas aptas a receber as salas de recursos multifuncionais, conforme a cota indicada abaixo do nome do responsável. De acordo com a cota do município, a secretaria de educação deve escolher as escolas, uma de cada vez, a partir da opção Atestado.

O gestor precisa se comprometer a reservar espaço físico e professores para a implantação das salas, na opção Sim, e confirmar os dados informados. Caso a operação de escolha seja bem-sucedida, aparecerá a palavra Selecionada, na cor verde, à direita de cada escola indicada.

A entrega dos equipamentos, mobiliários e recursos que compõem as salas de recursos multifuncionais deve ser iniciada em novembro. Entre 2005 e 2007, foram entregues 5.550 salas.

Assessoria de Comunicação Social
MEC

quinta-feira, junho 11, 2009

Formas criativas para estimular a mente de deficientes intelectuais

O professor deve entender as dificuldades dos estudantes com limitações de raciocínio e desenvolver formas criativas para auxiliá-los

Cinthia Rodrigues (novaescola@atleitor.com.br)

De todas as experiências que surgem no caminho de quem trabalha com a inclusão, receber um aluno com deficiência intelectual parece a mais complexa. Para o surdo, os primeiros passos são dados com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os cegos têm o braile como ferramenta básica e, para os estudantes com limitações físicas, adaptações no ambiente e nos materiais costumam resolver os entraves do dia-a-dia.

Mas por onde começar quando a deficiência é intelectual? Melhor do que se prender a relatórios médicos, os educadores das salas de recurso e das regulares precisam entender que tais diagnósticos são uma pista para descobrir o que interessa: quais obstáculos o aluno enfrentará para aprender - e eles, para ensinar.

No geral, especialistas na área sabem que existem características comuns a todo esse público (leia a definição no quadro abaixo). São três as principais dificuldades enfrentadas por eles: falta de concentração, entraves na comunicação e na interação e menor capacidade para entender a lógica de funcionamento das línguas, por não compreender a representação escrita ou necessitar de um sistema de aprendizado diferente. "Há crianças que reproduzem qualquer palavra escrita no quadro, mas não conseguem escrever sozinhas por não associar que aquelas letras representem o que ela diz", comenta Anna Augusta Sampaio de Oliveira, professora do Departamento de Educação Especial da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). As características de todas as outras deficiências você pode ver no especial Inclusão, de NOVA ESCOLA (leia o último quadro).

A importância do foco nas explicações em sala de aula

Alunos com dificuldade de concentração precisam de espaço organizado, rotina, atividades lógicas e regras. Como a sala de aula tem muitos elementos - colegas, professor, quadro-negro, livros e materiais -, focar o raciocínio fica ainda mais difícil. Por isso, é ideal que as aulas tenham um início prático e instrumentalizado. "Não adianta insistir em falar a mesma coisa várias vezes. Não se trata de reforço. Ele precisa desenvolver a habilidade de prestar atenção com estratégias diferenciadas para, depois, entender o conteúdo", diz Maria Tereza Eglér Mantoan, doutora e docente em Psicologia Educacional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O ponto de partida deve ser algo que mantenha o aluno atento, como jogos de tabuleiro, quebra-cabeça, jogo da memória e imitações de sons ou movimentos do professor ou dos colegas - em Geografia, por exemplo, ele pode exercitar a mente traçando no ar com o dedo o contorno de uma planície, planalto, morro e montanha. Também é importante adequar a proposta à idade e, principalmente, aos assuntos trabalhados em classe. Nesse caso, o estudo das formas geométricas poderia vir acompanhado de uma atividade para encontrar figuras semelhantes que representem o quadrado, o retângulo e o círculo.

A meta é que, sempre que possível e mesmo com um trabalho diferente, o aluno esteja participando do grupo. A tarefa deve começar tão fácil quanto seja necessário para que ele perceba que consegue executá-la, mas sempre com algum desafio. Depois, pode-se aumentar as regras, o número de participantes e a complexidade. "A própria sequência de exercícios parecidos e agradáveis já vai ajudá-lo a aumentar de forma considerável a capacidade de se concentrar", comenta Maria Tereza, da Unicamp.

O que é a deficiência intelectual?

É a limitação em pelo menos duas das seguintes habilidades: comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho. O termo substituiu "deficiência mental" em 2004, por recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), para evitar confusões com "doença mental", que é um estado patológico de pessoas que têm o intelecto igual da média, mas que, por algum problema, acabam temporariamente sem usá-lo em sua capacidade plena. As causas variam e são complexas, englobando fatores genéticos, como a síndrome de Down, e ambientais, como os decorrentes de infecções e uso de drogas na gravidez, dificuldades no parto, prematuridade, meningite e traumas cranianos. Os Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGDs), como o autismo, também costumam causar limitações. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 5% da população mundial tem alguma deficiência intelectual.

Foi o que fez a professora Marina Fazio Simão, da EMEF Professor Henrique Pegado, na capital paulista, para conseguir a atenção de Moisés de Oliveira, aluno com síndrome de Down da 3ª série. "Ele não ficava parado, assistindo à aula", lembra ela. Este ano, em um projeto sobre fábulas, os avanços começaram a aparecer. "Nós lemos para a sala e os alunos recontam a história de maneiras diferentes. No caso dele, o primeiro passo foram os desenhos. Depois, escrevi com ele o nome dos personagens e palavras-chave", relata ela.

Escrita significativa e muito bem ilustrada


A falta de compreensão da função da escrita como representação da linguagem é outra característica comum em quem tem deficiência intelectual. Essa imaturidade do sistema neurológico pede estratégias que servem para a criança desenvolver a capacidade de relacionar o falado com o escrito. Para ajudar, o professor deve enaltecer o uso social da língua e usar ilustrações e fichas de leitura. O objetivo delas é acostumar o estudante a relacionar imagens com textos. A elaboração de relatórios sobre o que está sendo feito também ajuda nas etapas avançadas da alfabetização.

A professora Andréia Cristina Motta Nascimento é titular da sala de recursos da EM Padre Anchieta, em Curitiba, onde atende estudantes com deficiência intelectual. Este ano, desenvolve com eles um projeto baseado na autoidentificação - forma encontrada para tornar o aprendizado mais significativo. A primeira medida foi pedir que trouxessem fotos, certidão de nascimento, registro de identidade e tudo que poderia dizer quem eram. "O material vai compor um livro sobre a vida de cada um e, enquanto se empolgam com esse objetivo, eu alcanço o meu, que é ensiná-los a escrever", argumenta a educadora.

Quem não se comunica... pode precisar de interação

Outra característica da deficiência intelectual que pode comprometer o aprendizado é a dificuldade de comunicação. A inclusão de músicas, brincadeiras orais, leituras com entonação apropriada, poemas e parlendas ajuda a desenvolver a oralidade. "Parcerias com fonoaudiólogos devem ser sempre buscadas, mas a sala de aula contribui bastante porque, além de verbalizar, eles se motivam ao ver os colegas tentando o mesmo", explica Anna, da Unesp.

Essa limitação, muitas vezes, camufla a verdadeira causa do problema: a falta de interação. Nos alunos com autismo, por exemplo, a comunicação é rara por falta de interação. É o convívio com os colegas que trará o desenvolvimento do estudante. Para integrá-lo, as dicas são dar o espaço de que ele precisa mantendo sempre um canal aberto para que busque o educador e os colegas.

Para a professora Sumaia Ferreira, da EM José de Calazans, em Belo Horizonte, esse canal com Vinicius Sander, aluno com autismo do 2º ano do Ensino Fundamental, foi feito pela música. O garoto falava poucas palavras e não se aproximava dos demais. Sumaia percebeu que o menino insistia em brincar com as capas de DVDs da sala e com um toca-CD, colocando músicas aleatoriamente. Aos poucos, viu que poderia unir o útil ao agradável, já que essas atividades aproximavam o menino voluntariamente. Como ele passou a se mostrar satisfeito quando os colegas aceitavam bem a música que escolheu, ela flexibilizou o uso do aparelho e passou a incluir músicas relacionadas ao conteúdo. "Vi que ele tem uma memória muito boa e o vocabulário dele cresceu bastante. Por meio dos sons, enturmamos o Vinicius."

Especial Inclusão

Apesar de avançada no país, a inclusão ainda gera dúvidas nos professores. Para suprir essa demanda, NOVA ESCOLA produziu uma edição especial sobre o tema. A revista traz uma reportagem sobre as diferentes deficiências, além de outra sobre como diagnosticar e avaliar os alunos. Além disso, trará texto sobre como flexibilizar o tempo, o espaço, o conteúdo e os recursos e um encarte especial com planos de aula de todas as disciplinas. A revista chega às bancas dia 6 de julho, por 4,90 reais.

REVISTA NOVA ESCOLA

Edição 223 Junho 2009

terça-feira, junho 09, 2009

PEC garante educação a deficiente em qualquer idade

SÃO PAULO - Tramita na Câmara a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 347/09, da deputada Rita Camata (PMDB-ES), que garante acesso à educação especializada e continuada ao portador de deficiência, sem imposição de limite de faixa etária nem de nível de instrução, preferencialmente na rede regular de ensino.

A intenção da deputada é assegurar e ampliar o acesso desses alunos especiais ao ensino regular, em consonância com os princípios da universalidade, igualdade e isonomia.

Demanda de mães

Rita Camata explica que a proposta se originou da demanda de mães e pais de alunos especiais, que a procuraram para informar sobre o sofrimento de milhares de famílias, em virtude das restrições ao pleno acesso à educação básica, principalmente no caso do ensino fundamental, já que a metodologia de inclusão está sendo feita somente pelo critério da idade.

Segundo a deputada, as três esferas do Poder Público têm rotineiramente deixado de garantir o acesso às pessoas com deficiência que completam 18 anos de idade, obrigando as famílias a recorrerem à Justiça para manter seus filhos na escola.

Esses pleitos, contudo, vem redundando invariavelmente na impossibilidade jurídica, devido ao entendimento vigente no Judiciário de que os alunos especiais realmente perdem o direito ao acesso à escola ao atingirem a maioridade.

Sem limite de idade

O objetivo da PEC, então, é deixar explícita na Constituição a inexistência de limite de idade para o atendimento educacional especializado. Rita Camata espera garantir o acesso das pessoas com deficiência mental à escola em todos os níveis de ensino, de acordo com sua capacidade intelectual, e sem discriminação pela faixa etária.

Segundo a deputada, "esses alunos especiais, maiores de 18 anos, precisam ser respeitados nas suas diferenças, para que então prevaleça o princípio da igualdade; precisam ser respeitados enquanto sujeitos de direitos, à luz da dignidade humana".

Tramitação

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania analisará a admissibilidade da PEC. Uma vez admitida, será então examinada por uma Comissão Especial, e depois pelo Plenário, em dois turnos de votação, exigido quorum de 60% dos 513 deputados para a aprovação.


DCI

sexta-feira, junho 05, 2009

Japonesa cega ganha alta premiação de engenharia na IBM

A gigante dos computadores IBM nomeou Chieko Asakawa, primeira engenheira cega da companhia, como ganhadora da maior premiação técnica da empresa.

Asakawa, 50, foi indicada nesta semana como uma dos oito japoneses para vencer o prêmio IBM Fellow. A engenheira desenvolveu um trabalho cujo intuito é fazer com que o acesso à internet fosse mais fácil às pessoas com visão enfraquecida.

Trata-se da premiação mais prestigiosa para um engenheiro. O título foi dado a apenas 218 profissionais em mais de um século de história da companhia.

"Asakawa deu contribuições cruciais na área de acessibilidade tecnológica, que conduziram a IBM como líder mundial neste campo", disse a companhia, em comunicado.

"Ela ajudou a estabelecer a consciência, dentro e fora da empresa, do papel fundamental quanto à criação de tecnologias que mudassem a perspectiva de comunicação e interação para indivíduos incapacitados."

Asakawa desenvolveu um software de acessibilidade chamado "Homepage Reader", que lê palavras que aparecem na janela da internet em voz alta em 11 idiomas.

"Estou feliz com a nomeação", disse a engenheira, por meio de comunicado. "Continuarei trabalhando intensamente para produzir mecanismos de inclusão social."

Asakawa, que perdeu sua visão quando era adolescente, entrou na fabricante de computadores em 1985, e desde então trabalha em melhorias de acessibilidade, não apenas de deficientes, mas também de idosos e novatos.

da Folha Online

Com agência France Presse

Rapaz que luta contra Síndrome de Asperger

Marcelo Abreu

Março de 1990, Hospital Santa Helena. Nascia Gabriel. O primeiro filho do contador carioca Geraldo de Sousa e da poetisa e servidora pública alagoana Isolda Marinho. O bebê veio grande, forte, sadio. Pesou mais de 4kg. O médico brincou com a mãe: “Esse menino não podia sair por baixo mesmo”. A família comemorou. O tempo passou. Gabriel crescia como qualquer outra criança. Aos 6 anos, na pré-escola, começou a se interessar por aviões. Desenhava coisas inacreditáveis. A professora um dia chamou a mãe e lhe disse: “Seu filho só pensa em avião”.

Gabriel planeja lançar mais dois e se aventurar em roteiros de cinema
Isolda achou que aquilo era apenas um gosto do menino, coisa de criança. Gabriel, a cada dia, se aperfeiçoava mais nos desenhos. “O que me agradava era a parte estética das aeronaves. Não queria saber da mecânica, de nada disso”, ele diz. Vieram as coleções de revistas sobre o assunto. Gabriel começou a criar historinhas. Criava companhias, rotas imaginárias. Um dia, ele esqueceu os aviões. No primário, já com 9 anos, o foco eram times de futebol. Inventava, por meio de desenhos, uniformes e campeonatos. Depois, passou a se interessar por países. Pensava nas suas moedas, imaginava hinos. Criava uma vida de mentirinha dentro de sua imaginação sem limites.
Aos 10 anos, Gabriel sentiu medo. Estouro de balão lhe deixava angustiado. Qualquer ameaça de chuva, ele se escondia debaixo da cama. Era como se protegia dos trovões. Uma irmã psicóloga de Isolda lhe chamou num canto e lhe disse, sem rodeios: “Minha irmã, o comportamento do Gabriel não é normal. Procura um especialista para que ele seja examinado”. Isolda não viu nada de errado com o filho. “Pensei que aquilo seria passageiro, que passaria”, fala a mãe.
O tempo passou. Aos 13 anos, na 7ª série, no Colégio Marista, Gabriel sentiu uma tristeza infinda. Só de pensar em ir para a escola lhe dava dor de barriga. Na sala de aula, isolava-se cada vez mais. A psicóloga chamou a mãe. E lhe disse o que Isolda nunca mais esqueceria: “Não é manha, nem capricho do seu filho. Ele tá pedindo socorro”. Começou, aqui, a jornada da família pela vida plena e saudável de Gabriel.

Romaria a consultórios de psicólogos. Psiquiatra. E um laudo, para sempre tatuado na memória daqueles pais: Gabriel tinha Síndrome de Asperger, um espectro de autismo menos comprometedor. Isolda nunca tinha ouvido falar naquilo. O mundo, naquele dia, desabou sobre sua cabeça. “Comecei a me culpar, como meu filho viveria nesse mundo, por que aquilo tava acontecendo na minha família...”, lembra a mãe. Gabriel entrou numa depressão arrasadora. Isolou-se de todo mundo. Ficou quase dois meses longe da escola. Isolda procurou, na internet, saber mais sobre a tal síndrome. Virou “especialista” no assunto. Fez parte de grupos de discussões virtuais. Conheceu pessoas. Prometeu a ela mesma que curaria seu filho e o traria de volta à vida que a ele pertencia. A vida a que ele tinha direito de viver.
Gabriel fez terapia. Faz até hoje. Tomou medicação específica. Toma até hoje. E pratica atividade física acompanhado por um personal. Segue rigorosamente as recomendações do psiquiatra. No ensino médio, trocou de escola a cada ano. Sentia muita dificuldade em interagir com os colegas. “Isso me fazia sofrer muito”, admite ele, na sala do apartamento espaçoso e bem decorado na 207 Sul, onde mora com a família — pai, mãe e um irmão mais novo de 16 anos e guitarrista. Gabriel passou a ler.

Apesar da pouca idade, devorou livros de compreensão complicada para um adolescente. Conheceu George Orwell, Truman Capote, Gabriel García Márquez, Isabel Allende, Mario Vargas Llosa. Encantou-se por Clarice Lispector e descobriu Machado de Assis e sua Capitu, com “seus olhos oblíquos e dissimulados”. E pasmem: formou, com um grupo de garotos com os quais sentiu afinidade, uma banda de rock da pesada. Virou metaleiro e só vestia preto. Era o baixista da banda. “Fizemos apenas um show”, ele diz, admitindo que o grupo fazia mais barulho que música. Coisas da vida. A mãe agradece, às gargalhadas: “Ainda bem que essa fase passou. Rezei todo dia para ele parar de vestir aquelas roupas pretas”.

Faculdade
Aos 17 anos, mesmo com todas as dificuldades de relacionamento, o menino que se apaixonou pela literatura terminou o ensino médio. Começaria uma nova etapa de sua vida. Prestou vestibular para jornalismo, no UniCeub. Foi aprovado. Está no segundo semestre. Pergunto se ele será meu colega de profissão. Ele devolve, sem hesitar: “Quero ser escritor. Acredito no meu potencial e quero viver disso. O jornalismo será uma alavanca pra me levar ao meu objetivo”.
Ao mesmo tempo em que aprendia técnicas de introdução ao jornalismo, Gabriel escrevia sem parar. Varava madrugadas. Pensou numa história. Imaginou seus personagens e, de rascunho em rascunho no computador, nascia, depois de seis meses, seu primeiro livro: O mundo depois do fim — misto de ficção científica e romance psicológico, em que ele narra as aventuras de personagens de vidas complexas, abordando temas como amizade, ética e moral, aos olhos de um rapaz de 17 anos, intelectual e psicologicamente maduro para a idade.
O livro, com 188 páginas, foi aprovado no FAC (Fundo de Apoio à Arte e à Cultura, do GDF). Acabou de sair do forno e será lançado na próxima terça-feira. É a vitória de um menino que venceu a si mesmo. A luta de uma família diante de um diagnóstico que mudaria a vida de todos. Comovida, Isolda, aos 48 anos, desabafa: “Sinto um misto de alegria, emoção e orgulho em ver meu filho assim”. Gabriel intervém: “Isso é apenas uma amostra de que o melhor ainda tá vindo”. Isolda não se contém de felicidade: “Ouvir uma coisa dessa é uma maravilha”. Os dois se olham e riem. Há uma cumplicidade intransponível entre eles.

Pergunto se a síndrome, hoje, ainda o atrapalha em alguma coisa. Convicto, o são-paulino roxo, filho de pai flamenguista doente, responde: “Não dou mais muita bola para o que dizem. O que tenho não é uma doença. É um estilo de vida. E cada um vive de uma forma bem particular”. Planos? “Acabar o terceiro livro. O segundo já está pronto”, adianta ele. E uma revelação animadora: “Quero transformar meus livros em roteiro para cinema. É essa linguagem que gosto. As cenas dos meus livros são extremamente descritivas, com muitos detalhes”. Ultimamente, Gabriel se apaixonou pela sétima arte. “Adoro cinema nacional”, diz. E as namoradas? “Tive algumas paixões meio platônicas”, ele conta, meio envergonhado. Esse é Gabriel Marinho, um rapaz com Síndrome de Asperger. Um escritor que ainda vai dar muito o que falar.

Lançamento
O mundo depois do fim será autografado na próxima terça-feira, dia 12, às 20h, no Foyer da Sala Martins Pena, do Teatro Nacional. Preço do livro: R$ 25. Contatos com a mãe: isolda.sousa@camara.gov.br — 8153-8707 ou com Gabriel: gabriel_2112@yahoo.com.br — 8111-7622

Trechos do livro
...O relógio digital da esquina marcava seis da manhã. O sol começava a nascer no horizonte, anunciando o início do dia 18 de fevereiro de 2028. David começara a esmurrar a porta, a fim de acordar suas crias. Greg, a contragosto, foi o primeiro a dar sinal de vida. Levantou-se timidamente e postou-se em pé. Olhou para o espelho sujo na parede de seu alojamento e viu em si uma figura fragilizada e totalmente esguia; cabelos negros emaranhados iam até o ombro, rosto retangular, lábios curtos e rosados e uma pequena cicatriz perto do supercílio direito. Nunca se sentiu confortável ao se ver...
... Os pastos áridos foram se alargando à medida que a cidade se distanciava. A poeira estava cada vez mais impregnada no ar, entrando pelas frestas das janelas quebradas do vagão. Vacas e cavalos desnutridos pastavam, procurando grama fresca para se alimentarem. Havia muitos mortos ao relento, com as carcaças rodeadas por abutres. Greg continuava tentando encontrar um espaço para respirar, até mesmo para ver como raiava o dia...



Síndrome foi reconhecida em 1994

A Síndrome de Asperger (SA), transtorno de Asperger ou desordem de Asperger é uma síndrome de espectro autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo. Alguns cientistas a classificam como “autismo de alta funcionalidade”. É mais comum no sexo masculino. Quando adultos, muitos podem viver de forma comum, como qualquer outra pessoa que não possui a síndrome. Há indivíduos com Asperger que se tornaram professores universitários (como Vernon Smith, Prêmio Nobel de Economia, em 2002). O termo “Síndrome de Asperger” foi utilizado pela primeira vez por Lorna Wing, em 1981, num jornal médico, que pretendia dessa forma homenagear Hans Asperger, psiquiatra e pediatra austríaco cujo trabalho não foi reconhecido internacionalmente até a década de 1990.

A síndrome foi reconhecida pela primeira vez no Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais, na sua quarta edição, em 1994. Alguns sintomas da síndrome são: atraso na fala, mas com desenvolvimento fluente da linguagem verbal antes dos 5 anos; interesses restritos: escolhem um assunto de interesse, que pode ser seu único desejo por muito tempo. A atenção ao assunto escolhido existe em detrimento a assuntos sociais ou cotidianos. Memorização de grandes sequências como mapas de cidades ou cálculos matemáticos complexos. Ouvido musical absoluto. Interpretação literal, incapacidade para interpretar mentiras, metáforas, ironias, frases com duplo sentido, dificuldades no uso do olhar, expressões faciais, gestos e movimentos corporais como comunicação não verbal. Pensamento concreto. Dificuldade para entender e expressar emoções. Falta de autocensura: costumam falar tudo o que pensam. Sensibilidade exacerbada a determinados ruídos.

Alguns estudiosos afirmam que grandes personalidades da história possuíam fortes traços da (SA), como os físicos Isaac Newton e Albert Einstein, o compositor Mozart, os filósofos Sócrates e Wittgenstein, o naturalista Charles Darwin, o pintor renascentista Michelangelo, os cineastas Stanley Kubrick e Andy Warhol e o enxadrista Bobby Fischer, além de autores de diversas obras literárias.

45 graus

Secretaria cria função de professor interlocutor para promover efetiva comunicação de alunos surdos e deficientes auditivos.

Alunos surdos, com deficiência auditiva ou que não se comunicam oralmente, poderão frequentar salas de aulas comuns na rede estadual de ensino a partir de 2010. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo criou a função do professor interlocutor qualificado na Língua Brasileira de Sinais, para promover o acesso às informações e às atividades desenvolvidas em sala de aula.

Nessa videoconferência, Maria Elizabete Costa, diretora técnica do Centro de Apoio Pedagógico Especializado (CAPE), e Vera Paszco, diretora da Equipe de Atribuição de Classes e Aulas (DRHU), informam sobre esse novo procedimento.

Educação inclusiva na rede estadual Secretaria cria função de professor interlocutor para promover efetiva comunicação de alunos surdos e deficientes auditivos.

segunda-feira, junho 01, 2009

Surdos fazem passeata em Curitiba em defesa de direitos na educação

Portal RPC

CURITIBA - Um grupo de surdos, professores e familiares realizou na manhã desta segunda-feira uma passeata pelas ruas do Centro de Curitiba em um protesto em defesa dos direitos dos deficientes auditivos na educação pública do Paraná. De acordo com a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), mais de 500 pessoas estariam participando do movimento, que foi encerrado no fim da manhã em frente ao Palácio das Araucárias, sede do governo estadual. A Polícia Militar informa não ter estimativa do número de participantes.

Entre as principais reivindicações do grupo estão a contratação imediata de professores surdos e intérpretes da Língua Portuguesa de Sinais (Libras) para atuarem em todas as escolas do estado; o ensino de Libras nos cursos de formação de professores, em universidades públicas e privadas; além do ensino de Libras nas escolas onde estudam alunos surdos.

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Estudantes com deficiência aprendem a andar em transporte coletivo

Treinamento ensina a pedir ajuda e se localizar dentro do ônibus.
Alunos dizem sofrer com falta de sensibilidade de passageiros e motoristas.

Do G1, em São Paulo

Estudantes com deficiências sensoriais, da Escola José Álvares de Azevedo, no Pará, participaram, nesta semana, de um treinamento especial para aprenderem técnicas motoras para andar no transporte coletivo. De acordo com a Agência Pará de Notícias, entre as dicas estão como pedir ajuda na parada, falar com o cobrador e o motorista e se acomodar na frente do veículo.

Uma parceria com a empresa de transporte Rio Guamá permitiu que um ônibus fosse levado até a escola para o treinamento. "Conhecer o interior do ônibus parado é importante para eles se familiarizarem e ganharem confiança quando ficarem sozinhos", afirmou o professor João Luis Silva, um dos coordenadores do projeto.

O treinamento explicou passo a passo o trajeto que deve ser feito pelos estudantes na hora de pegar o transporte: localizar a porta do ônibus, seguindo linha-guia ou aceitando ajuda; perguntar o nome da linha; localizar o poste vertical ou corrimão próximo aos assentos; apresentar a carteirinha; verificar se há assento livre; solicitar ajuda para o ponto de descida e usar a bengala para encontrar o piso, o meio-fio e a calçada.

Ainda segundo a Agência, alguns estudantes consideram que o maior problema na utilização do transporte público é a falta de sensibilidade dos passageiros e de alguns motoristas e cobradores. A Unidade de Educação Especializada é vinculada à Coordenação de Educação Especial (Cooes) da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), e tem cerca de 360 alunos matriculados. As aulas ocorrem no período complementar ao horário de ensino regular e oferecem atenção especializada a cada nível de deficiência.


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